Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
quando pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
arquitetar na sombra a despedida
deste mundo que te foi contraditório
lembra-te que afinal te resta a vida
com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
entrar no acaso e amar o transitório.
Carlos Pena Filho (Recife, 17 de maio de 1929 — Recife, 1 de julho de 1960).
Poema enviado por WhatsApp pelo amigo Edney Cielici Dias, poeta e autor do livro “Cartas da alteridade”.