Nesta segunda-feira, 10/08, em Cuiabá, MT, morreu Adir Sodré, um dos mais renomados artistas de Mato Grosso, vítima de um infarto quando voltava para sua casa, no Centro Histórico, depois de fazer procedimentos no caixa eletrônico de um banco. Adir nasceu em Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá) em 1962, mas passou quase toda a vida em Cuiabá. Suas pinturas colorem e embelezam muitas áreas da capital, incluindo alguns viadutos.
As pinturas dele são um registro da vida cotidiana nos bairros populares de Cuiabá e também da paisagem regional. Produz obras com temática social de caráter irreverente. Já em trabalhos da década posterior, revela admiração por Henri Matisse (1869-1954), empregando cores puras e elementos decorativos em obras nas quais o erotismo também é muito presente, como em Falos e Flores (1986) ou Orgia das Frutas (1987). Produziu também retratos de personalidades, partindo da reprodução fiel da fisionomia, mas fazendo uso do humor. O artista mantém diálogo constante com aspectos da história da arte, fazendo referências entre outros a Vincent Van Gogh (1853-1890) ou a Diego Velázquez (1599-1660), aproximando-se também do universo dos quadrinhos, como em Almoço na Relva VII (1988).
As suas obras são recheadas de elementos exclusivos do seu estilo como a melancia-vagina, montanha-seios, pênis-borboletas, num transbordante processo de erotização da natureza.
Sua trajetória começou em 1977, quando passou a frequentar o Atelier Livre da Fundação Cultural de Mato Grosso, orientado por Humberto Spíndola e Dalva Maria de Barros, em 1977. Depois, com Gervane de Paula (1962) e outros artistas, ele contribuiu o processo de renovação da arte mato-grossense. Participou de exposições coletivas organizadas pelo Museu de Arte e de Cultura Popular da Universidade Federal do Mato Grosso (MACP/UFMT). Também participou também de eventos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage), Rio de Janeiro, em 1983, e no Museu de Arte Moderna de Paris, em 1987.
A partir da década de 1980, Adir Sodré inclui em suas obras temáticas relacionadas aos povos indígenas, à invasão causada pelo turismo em determinadas regiões do Brasil e ao consumismo, esse último exemplificado no quadro Dolores Descartável (1984).
Entre as exposições de que participou, destacam-se: Gente da Terra – Homenagem a Maria Auxiliadora da Silva, no Paço das Artes, São Paulo, 1980; Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM/SP, São Paulo, 1983; Como Vai Você, Geração 80?, na EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, 1984; Modernidade, Arte Brasileira do Século XX, no Museu de Arte Moderna de Paris (França) e no MAM/SP, São Paulo, 1987; Brasil: Imagem dos Anos 80 e 90, no MAM/RJ, Rio de Janeiro, 1993. Evento no Itaú Cultural: BR/80 Pintura Brasil Década 80, São Paulo, 1991.
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