Eu Me Ensinei. Narrativas da criatividade popular brasileira

Em ‘Eu me ensinei’, os artistas são todos autodidatas, mestres de um saber primoroso e intuitivo. A mais pura arte popular brasileira. Escrito com base em mais de cem entrevistas com artistas populares feitas ao longo de anos. Percorrendo diferentes estados brasileiros coletando documentação fotográfica, este livro é um panorama animador que mostra que a arte popular está viva e em constante renovação.

Edna Matosinho de Pontes (Autora)

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Com sua luz querida

Com sua luz querida
o sol clareia do dia,
e o poder do espírito,
que brilha em minha alma,
dá força aos meus membros.
No brilho da luz do sol, oh Deus,
venero a força humana
que tu, bondosamente,
plantaste em minha alma.
Para que eu possa estar
ansioso em trabalhar.
Para que eu possa ter
desejo de aprender.
De Ti, vem luz e força.
Para Ti refluem
amor e gratidão.

Rudolf Steiner (Kraljevec, fronteira austro-húngara, 27 de fevereiro de 1861 — Dornach, Suíça, 30 de março de 1925)

Coco de Pagu

Pagu tem os olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-côco quando passa.
Coração pega a bater.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Passa e me puxa com os olhos
provocantissimamente.
Mexe-mexe bamboleia
pra mexer com toda a gente.

Eli Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Toda a gente fica olhando
o seu corpinho de vai-e-vem
umbilical e molengo
de não-sei-o-que-é-que-tem.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Quero porque te quero
Nas formas do bem-querer.
Querzinho de ficar junto
que é bom de fazer doer.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Raul Bopp (Vila Pinhal, atual Itaara – RS, 4 de agosto de 1898 — Rio de Janeiro – RJ, 2 de junho de 1984)

Quando escutei o culto astrônomo

Quando escutei o culto astrônomo,
Quando provas, figuras, em colunas frente a mim foram içadas,
Quando se me mostraram cartas, diagramas, que somasse, dividisse, mensurasse,
Quando escutei, sentado, lecionar o astrônomo entre mil aplausos, na sala de aulas,
Quanto me não senti, breve, enfarado e febril,
‘Té que, por conta própria, levantei-me e fui, meti-me
Na umidade mística do ar da noite, e, de tempo em tempo,
Tudo em silêncio: eu contemplava estrelas.

Walt Whitman (Huntington, Virgínia Ocidental, 31 de maio de 1819 – Camden, Nova Jérsei, 26 de março de 1892). Tradução dedicada a Tamara Martinez

Novidade: Ainda restam alguns poucos exemplares…

“Eu me ensinei: Narrativas da criatividade popular brasileira”
Autora: Edna Matosinho de Pontes

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Agora ar é ar e coisa é coisa: traço

agora ar é ar e coisa é coisa: traço

nenhum da terra celestial seduz
nossos olhos sem ênfase onde luz

a verdade magnífica do espaço.

Montanhas são montanhas; céus são céus –
e uma tal liberdade nos aquece
que é como se o universo uno, sem véus,

total, de nós (somente nós) viesse

– sim; como se, despertas do torpor
do verão, nossas almas mergulhassem
no branco sono onde se irá depor
toda a curiosidade deste mundo
(com júbilo de amor) imortal e a coragem

de receber do tempo o sonho mais profundo

E. E. Cummings, (Cambridge, Massachusetts, 14 de outubro de 1894 — North Conway, Nova Hampshire, 3 de setembro de 1962). Tradução: Augusto de Campos (São Paulo, 14 de fevereiro de 1931)