Quando a noite curva os ombros
Quando a noite curva os ombros
mergulhando-nos nas coisas
apagando o espaço
que busco no teu corpo
porque me deito sobre o teu ventre
Encosto o ouvido
ao pulsar do seio
queimamo-nos lentamente
para acender o sol
António Borges Coelho (Murça, Portugal, 7 de outubro de 1928)
Mammy
“I love two things together
Mammy and roses
Rose for great days
And mammy forever“
Quando adolescente em Ourinhos-SP, de minhas aulas na “Pink and Blue Freedom”, escola de idiomas
Ilustrando segue a montagem “Carmita e o céu”
À ciência, Luísa
Epigramas
I
Amigo, estou tão poeta
que em versos consumo o dia.
Tomara achar um remédio
que me curasse a mania.
Se queres gelar o estro,
isso está na tua mão:
Lê as odes de Filinto
e os sonetos do Garção.
II
Brevemente sai à luz
obra de um gênio distinto:
Uma versão portuguesa
da Opera Omnia de Filinto.
III
Amigo, tive esta noite
negro, horrível pesadelo;
ainda ao lembrar-me dele
se me arrepia o cabelo.
Deus te livre, e livre a todos,
de sentir o que inda sinto:
Pois não sonhei que me liam
três páginas do Filinto?
IV
Exclamou certo avarento
a um que se ia enforcar:
“– Feliz homem, que três dias
Pôde comer sem gastar!”.
V
André Pinto andar não pode,
manda médico chamar.
Chega o médico… Receita…
E André Pinto põe-se a andar!
António Feliciano de Castilho (Lisboa, Portugal, 28 de janeiro de 1800 – Lisboa, Portugal, 18 de junho de 1875)
E se eu pudesse entrar na sua vida
“E se eu pudesse entrar na sua vida
(…)
Me ensina a não andar com os pés no chão
(…)
Será que é uma estrela
…)
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz“
Trechos da canção “Beatriz”, composta por Edu Lobo e Chico Buarque
O livro da vida
Absorto, o Sábio antigo, estranho a tudo, lia…
— Lia o “Livro da Vida” — herança inesperada,
Que ao nascer encontrou, quando os olhos abria
Ao primeiro clarão da primeira alvorada.
Perto dele caminha, em ruidoso tumulto,
Todo o humano tropel num clamor ululando,
Sem que de sobre o Livro erga o seu magro vulto,
Lentamente, e uma a uma, as suas folhas voltando.
Passa o Estio, a cantar; acumulam-se Invernos;
E ele sempre, — inclinada a dorida cabeça, —
A ler e a meditar postulados eternos,
Sem um fanal que o seu espírito esclareça!
Cada página abrange um estádio da Vida,
Cujo eterno segredo e alcance transcendente
Ele tenta arrancar da folha percorrida,
Como de mina obscura a pedra refulgente.
Mas o tempo caminha; os anos vão correndo;
Passam as gerações; tudo é pó, tudo é vão…
E ele sem descansar, sempre o seu Livro lendo!
E sempre a mesma névoa, a mesma escuridão.
Nesse eterno cismar, nada vê, nada escuta:
Nem o tempo a dobrar os seus anos mais belos,
Nem o humano sofrer, que outras almas enluta,
Nem a neve do Inverno a pratear-lhe os cabelos!
Só depois de voltada a folha derradeira,
Já próximo do fim, sobre o livro, alquebrado,
É que o Sábio entreviu, como numa clareira,
A luz que iluminou todo o caminho andado..
Juventude, manhãs de Abril, bocas floridas,
Amor, vozes do Lar, estos do Sentimento,
— Tudo viu num relance em imagens perdidas,
Muito longe, e a carpir, como em nocturno vento.
Mas então, lamentando o seu estéril zelo,
Quando viu, a essa luz que um instante brilhou,
Como o Livro era bom, como era bom relê-lo,
Sobre ele, para sempre, os seus olhos cerrou…
António Feijó (Ponte de Lima, Portugal, 1 de junho de 1859 – Estocolmo, Suécia, 20 de junho de 1917). In “Sol de inverno”
Passarinho avuô foi s’embora – Oswald de Andrade
A gaivota
Passa-me o rio em frente da janela,
Muita vez, ao luar, noites de rosa,
vejo boiando uma gaivota ansiosa
sobre a corrente murmura, singela.
É sempre a mesma. É uma delícia vê-la;
e tanto me entretém, — voluptuosa,
que chego, nesta vida trabalhosa,
quando ela falta, a ter saudades dela.
Pois que, vendo-a passar boiando e mansa,
sinto-me alegre, e ocorrem-me à lembrança
as conquistas, a lira, a morbideza*
de um trovador ditoso, flutuando
pelos canais, em gôndola, cantando,
nas amorosas noites de Veneza.
António Fogaça (Barcelos, Portugal, 11 de maio de 1863 – Coimbra, Portugal, 27 de novembro de 1888)
Não percam a reestreia de “Refúgio”
Está chegando a hora! A temporada de “Refúgio” acontece de 16 de maio a 8 de junho, com sessões sextas e sábados, às 20h e aos domingos, às 18h. A entrada é gratuita mediante disponibilidade de lugares. Venha conferir esse espetáculo que promete muita emoção!
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“O espetáculo “Refúgio” aborda questões pelas quais refugiadas vindas do Afeganistão, Marrocos, Nigéria, Irã e Venezuela tiveram que enfrentar em seus países, e que as fizeram buscar abrigo no Brasil. Conta com elenco 100% nativo de cada país, todas alunas da Bibli-Aspa, e falando português.
O ingresso é solidário, você contribui com o valor que puder. Basta fazer o pix para CNPJ 08.801.010/0001-38 e em seguida enviar um e-mail para bibliaspa@gmail.com com o nome do responsável pela compra, o número de ingressos e a data escolhida para que possamos incluir na lista de presença.
Esperamos todos vocês!!
🎭❤️🙏🏻🍀”
Danielli Guerreiro – Diretora (@danielliguerreiro)
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