Agradeço

Agradeço cada poema
cada prato posto à mesa
cada ponto de costura ou
vírgula de escrita,
agradeço
cada gesto que me traz sorriso
e que se expande
por tudo dou graças,
sem saber a quem.

Marina Colasanti (Asmara, Eritreia, colonizada pela Itália, 26 de setembro de 1937)

Gravata colorida

Quando eu tiver bastante pão
para meus filhos
para minha amada
pros meus amigos
e pros meus vizinhos
quando eu tiver
livros para ler
então eu comprarei
uma gravata colorida
larga
bonita
e darei um laço perfeito
e ficarei mostrando
a minha gravata colorida
a todos os que gostam
de gente engravatada…

Solano Trindade (Recife, Pernambuco, 24 de julho de 1908 — Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1974). In “O poeta do povo”

Patricia Helney: Galo, Me encanta o olhar ver o amor transbordar! e Ellen e a Mel

“Eternize seu pet, fale comigo!”

Patrícia Helney

Essa artista vem se destacando no panorama das artes plásticas com um vasto currículo com mais de 25 premiações nacionais e internacionais ao longo de 40 anos de exposições no Brasil e no mundo. Sua linguagem é da Arte Naïf, com a riqueza das cores e a simplicidade das histórias contadas em suas telas.

“Amo a vida, a arte, a música, a literatura, a dança e o meu maior tesouro é a minha família.”

Contatos:
www.facebook.com/profile.php?id=1430810241
www.instagram.com/patriciahelney
www.instagram.com/patriciahelney_aquarelas
artistahelney@gmail.com
WhatsApp: (67) 9 9995-8161

Esboço

Teus lábios inquietos
pelo meu corpo
acendiam astros…
e no corpo da mata
os pirilampos
de quando em quando,
insinuavam
fosforecentes carícias…
e o corpo do silêncio estremecia,
chocalhava,
com os guizos
do cri-cri osculante
dos grilos que imitavam
a música de tua boca…
e no corpo da noite
as estrelas cantavam
com a voz trêmula e rútila
de teus beijos…

Gilka Machado (Rio de Janeiro, 12 de março de 1893 — Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1980). In “Sublimação”, 1928

Dá-me as rosas

No campo em que eu repousar
Solitária e tenebrosa
Eu vos peço para adornar
O meu jazigo com as rosas

As flores são formosas
Aos olhos de um poeta
Dentre todas são as rosas
A minha flor predileta

Se a afeiçoares aos versos inocentes
Que deixo escritos aqui
E quiseres ofertar-me um presente
Dá-me as rosas que pedi.

Agradeço-lhe com fervor
Desde já o meu obrigado
Se me levares esta flor
No dia dos finados.

Carolina Maria de Jesus (Sacramento, Minas Gerais, 14 de março de 1914 – São Paulo, 13 de fevereiro de 1977). In “Antologia pessoal”. Organização José Carlos Sebe Bom Meihy. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996