Cada heterônimo de Pessoa objetiva um jeito peculiar de chegar ao conhecimento, pois a multiplicação do Poeta em outros poetas: somente assim lhe seria facultado conhecer a realidade aspirar a uma utópica realidade (Massaud Moisés, Fernando Pessoa: o espelho e a esfinge, p.84). Assim, Massaud Moisés introduz uma teoria psicológica, baseada na psicanálise de Jung, para a criação dos heterônimos, dizendo: “Os heterônimos são projeções arquetípicas do inconsciente (coletivo) de Pessoa, e os arquétipos podem ser considerados heterônimos, imagens coletivas/ pessoas que falam de um outro‖ no inconsciente de cada um.” (Massaud Moisés, Fernando Pessoa: o espelho e a esfinge, p. 96). Para Massaud Moisés, Fernando Pessoa criava seus heterônimos em busca de seu self o arquétipo de si mesmo. Assim, não somente Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro eram heterônimos, mas Fernando Pessoa ele mesmo era também um heterônimo, um arquétipo. E Caeiro foi considerado pelo seu criador um mestre.
Massaud Moisés (São Paulo, 9 de abril de 1928 – São Paulo, 11 de abril de 2018), citado por Flávia Lemes de Paula Matsui, in “Estética e metafísica em Álvaro de Campos: Investigação e recepção da sua poesia na Orpheu”, Universidade de Brasília, 2018