Nitrem centauros no palor da boscagem boreal…
De onde os gritos lancinantes das ninfas que fogem?
O fogo em crescentes línguas do inferno célere consome o bosque,
O bosque e as ninfas em chamas, o bosque de onde elas gritam, e
Águias crocitam, irosas, os peitos estourando de força e raiva,
as patas em seus séculos de músculos hipertrofiados, a ira das
rapinantes, com garras a cuspir veneno, e, empunhadas por elas
cimitarras as mais terríveis que poderia um armeiro huno forjar,
entregues às delícias do banquete dos lobos…
e estes aguardam, vorazes, os caninos quentes como lava.
Ninfas correm do útero do bosque às suas extremidades,
e os lobos, as presas de prata cintilando terrivelmente, nelas
bebem o vinho o mais viscoso da vida…
as ninfas e o bosque em chamas, o bosque urbano em chamas
as águias em seu ódio aos humanos, garras vermelhas de guerra
a guerra, a festa das aquilinas rapinantes, contra os humanos e,
mas as ninfas correndo, as águias em seu flanar mesmo encouraçadas
mas as ninfas morrendo, desmembradas quase todas pelos lobos, os lobos
e as águias na disputa com os lobos
garras vermelhas em combate contra presas de prata
as águias em sua festa, orgasmos enquanto espadas quebram ossos,
as águias deliciando-se, fêmeas em seu vigor ejaculando, rasgando
águias rasgando lobos que outrora rasgaram ninfas
ninfas nas mandíbulas dos lobos e os lobos dilacerados nas garras das águias
esta esfera de águias, corvos, lobos e ninfas nada mais do que um imenso entrelaço de rapina
Léo – Foi estagiário no Dieese no final dos anos 90 e me entregou impresso esse seu poema