Beno Ink: Remote Flow, Time Movement e Conquer

Sempre gostei de desenhar, desde pequeno, fiz curso de quadrinhos, desenhava na sala de aula, vendi algumas artes nestes anos, mas realmente nunca fui muito além. Meu pai também sempre desenhou e pintou diversos quadros também, inclusive hoje desenha diariamente, (…), me inspirou bastante, tanto a começar, quanto a continuar e desenvolver essa habilidade.

Beno Ink

Contatos:
beno.inkart@gmail.com
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Olhar em nosso outono

liberto os olhos do livro
agora a claridade vulgar
a nossa vista embaça

foi-se o tempo de tocar com as mãos
como o livro, nos fechamos, imaginamos
ardente o gélido pretérito presente

fria esta tarde indiferente
muito não mais temos
tantos ausentes seremos
encolhidos aquietamos

assim vemos o vento
quando ele se veste
das coisas que varre
neste nosso outono

Edney Cielici Dias, in “Cartas da alteridade”, Selo Demônio Negro (https://bit.ly/3wZvPjN)- Poeta devotado ao ofício da palavra, é doutor em ciência política, economista, jornalista e editor.

Relato de coisa muito antiga

“Foi no tempo em que as ruas de nossa cidade ainda tinham nomes de santos. A travessa Cônego Miguel, por exemplo, chamava-se Santo Antônio; a Serzedelo Corrêa era São Mateus; a Cipriano Santos, São João. A Senador Pinheiro não tinha nome de santo, mas chamava-se romanticamente Rua do Sol porque descia exatamente na direção onde, durante um certo tempo do ano, o sol nascia. Quem olhasse, manhãzinha, daqui de cima, tinha a exata impressão que a bola enorme do sol, durante alguns momentos, pousava sobre o leito da rua, lá em baixo. Era um quadro bonito, mas ninguém prestava atenção. Rua era para andar.

Foi no tempo em que essas ruas não tinham ainda a luz elétrica que têm hoje, mas toscos lampiões de querosene que quase nada iluminavam, quase nada clareavam. Tardinha, mal começava a escurecer, os empregados da Intendência percorriam as poucas ruas que tinham este privilégio. Abasteciam e depois acendiam. A criançada que morava por perto acompanhava a tarefa com um sorriso nos lábios, entre pulos e gritos, cada vez que uma luz aparecia. Os lampiões tinham uma luz mortiça e amarelada…”

Em 1999, um ano e sete meses antes de sua morte, Valdir Sarubbi concluiu o seu livro de memórias intitulado “Estórias Paralelas”. Dessa obra de 140 páginas seleciono o trecho acima “Relato de coisa muito antiga”.

Valdir Sarubbi (Bragança, Pará, 10 de outubro de 1939 – São Paulo, 8 de novembro de 2000)

Leilão de Arte Popular de Abril/ 22 – Fibra Leilões (com participação de obras da Galeria Pontes)

Exposição

De 1 a 13 de abril de 2022
De quarta a sexta feira das 11h às 17h

E-mail: contato@fibragaleria.com.br

Whatsapp: (11) 9 9105-1859 (Jairo) ou (11) 9 7645-2902 (Maíra)

Leilão

Dias 12 e 13 de abril de 2022
Terça e quarta-feira às 20h
Somente online

Leiloeira: Maíra Maciel – Jucesp nº 1208

Local: Rua Tinhorão, 69 – Higienópolis – São Paulo

Catálogo disponível: https://www.fibragaleria.com/catalogo.asp?Num=25717

Sinfonia noturna de Miró

Vi Miró
E Gaudi
Fiz me só
Só com ti
Nesse quadro
Dó ré mi

Flavio Ribeiro de Oliveira, in 26/08/1988 – Possui graduação em Filosofia pela USP (1989), mestrado em Letras (Letras Clássicas) pela USP (1994) e doutorado em Letras (Letras Clássicas) pela USP (2001). Realizou pós-doutorado no Centre Léon Robin (Université Paris IV-Sorbonne / École Normale Supérieure / CNRS) (2008). Atualmente é professor doutor da Unicamp e coordenador de Centro de Estudos Clássicos do Instituto de Estudos da Linguagem dessa universidade.

Entreato

Escorrego entre o desejo e a verdade
na cidade exausta.
Ecos de sofrimento reverberam inaudíveis
nesta Terra de unguentos perdidos
e homens plausíveis.

Atravesso a velha praça decadente
onde gente natimorta aguarda:
olhos entreabertos como pus ou raiva,
jamais encontrarão a janela de seu quarto,
transparente e inviolável mansarda.

Como posso acalentar o pranto
enquanto um canto paulatino
ensurdece os sentidos?
Espasmos de volúpia degeneram o meu corpo,
cárcere da luta entre o prazer retido
e um furor exposto.

Tarda derradeiro um entreato frente ao espelho:
fazer fogo do que arde em segredo.

Luiz Ribeiro – Jornalista graduado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências pelo Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da Unifesp. Escritor e editor, autor de livros infanto-juvenis e didáticos de educação emocional e social para ensino fundamental, ensino médio, EJA e famílias.