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Autor: ematosinho
Eduardo Matosinho é economista e sociólogo com bacharelado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem 60 anos e é casado com Luiza Maria da Silva Matosinho e com ela tem um filho de nome João Alexandre da Silva Matosinho. Trabalha atualmente na Galeria Pontes (https://www.galeriapontes.com.br/), onde já está há 17 anos.
“Sempre gostei de desenhar, desde pequeno, fiz curso de quadrinhos, desenhava na sala de aula, vendi algumas artes nestes anos, mas realmente nunca fui muito além. Meu pai também sempre desenhou e pintou diversos quadros também, inclusive hoje desenha diariamente, (…), me inspirou bastante, tanto a começar, quanto a continuar e desenvolver essa habilidade.”
liberto os olhos do livro agora a claridade vulgar a nossa vista embaça
foi-se o tempo de tocar com as mãos como o livro, nos fechamos, imaginamos ardente o gélido pretérito presente
fria esta tarde indiferente muito não mais temos tantos ausentes seremos encolhidos aquietamos
assim vemos o vento quando ele se veste das coisas que varre neste nosso outono
Edney Cielici Dias, in “Cartas da alteridade”, Selo Demônio Negro (https://bit.ly/3wZvPjN)- Poeta devotado ao ofício da palavra, é doutor em ciência política, economista, jornalista e editor.
“Foi no tempo em que as ruas de nossa cidade ainda tinham nomes de santos. A travessa Cônego Miguel, por exemplo, chamava-se Santo Antônio; a Serzedelo Corrêa era São Mateus; a Cipriano Santos, São João. A Senador Pinheiro não tinha nome de santo, mas chamava-se romanticamente Rua do Sol porque descia exatamente na direção onde, durante um certo tempo do ano, o sol nascia. Quem olhasse, manhãzinha, daqui de cima, tinha a exata impressão que a bola enorme do sol, durante alguns momentos, pousava sobre o leito da rua, lá em baixo. Era um quadro bonito, mas ninguém prestava atenção. Rua era para andar.
Foi no tempo em que essas ruas não tinham ainda a luz elétrica que têm hoje, mas toscos lampiões de querosene que quase nada iluminavam, quase nada clareavam. Tardinha, mal começava a escurecer, os empregados da Intendência percorriam as poucas ruas que tinham este privilégio. Abasteciam e depois acendiam. A criançada que morava por perto acompanhava a tarefa com um sorriso nos lábios, entre pulos e gritos, cada vez que uma luz aparecia. Os lampiões tinham uma luz mortiça e amarelada…”
Em 1999, um ano e sete meses antes de sua morte, Valdir Sarubbi concluiu o seu livro de memórias intitulado “Estórias Paralelas”. Dessa obra de 140 páginas seleciono o trecho acima “Relato de coisa muito antiga”.
Valdir Sarubbi (Bragança, Pará, 10 de outubro de 1939 – São Paulo, 8 de novembro de 2000)
Vi Miró E Gaudi Fiz me só Só com ti Nesse quadro Dó ré mi
Flavio Ribeiro de Oliveira, in 26/08/1988 – Possui graduação em Filosofia pela USP (1989), mestrado em Letras (Letras Clássicas) pela USP (1994) e doutorado em Letras (Letras Clássicas) pela USP (2001). Realizou pós-doutorado no Centre Léon Robin (Université Paris IV-Sorbonne / École Normale Supérieure / CNRS) (2008). Atualmente é professor doutor da Unicamp e coordenador de Centro de Estudos Clássicos do Instituto de Estudos da Linguagem dessa universidade.
Escorrego entre o desejo e a verdade na cidade exausta. Ecos de sofrimento reverberam inaudíveis nesta Terra de unguentos perdidos e homens plausíveis.
Atravesso a velha praça decadente onde gente natimorta aguarda: olhos entreabertos como pus ou raiva, jamais encontrarão a janela de seu quarto, transparente e inviolável mansarda.
Como posso acalentar o pranto enquanto um canto paulatino ensurdece os sentidos? Espasmos de volúpia degeneram o meu corpo, cárcere da luta entre o prazer retido e um furor exposto.
Tarda derradeiro um entreato frente ao espelho: fazer fogo do que arde em segredo.
Luiz Ribeiro – Jornalista graduado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências pelo Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental da Unifesp. Escritor e editor, autor de livros infanto-juvenis e didáticos de educação emocional e social para ensino fundamental, ensino médio, EJA e famílias.