1
Tenho sete namoradas
na Rua de Lá Vem Um.
Sete facas apontadas
ao coração em jejum.
2
Meu compadre S. João
das fogueiras, das cantigas!
— Ficarei par ou parnão
no jogo das raparigas?
3
Não julge lá que me enjeita,
assim, com duas razões!
(O meu demónio aproveita
as melhores ocasiões…)
4
Meninas, vossos amores
lembram-me a água corrente.
Na margem, prados e flores;
ao meio… afoga-se a gente!
5
Amorzinho, lua nova,
rica fruta de pomar!
— Quem será que tira a prova
do vinho do teu lagar?
António de Sousa (Porto, Portugal, 1898 — Oeiras, Portugal, 1981). In “Livro de bordo”, segunda edição, Publicações Europa-América, Lisboa, 1957