Uma metade
Minha terra…
Onde gorjeia…
Os passarinhos…
Não cantam…
Minha terra…
E quase que…
Minha terra…
Minha terra…
Ouro terra…
Eu quero…
Não permita…
Sem que…
Não permita…
Sem que volte…
Sem que veja…
E o progresso…
Outra metade
… tem palmares
… o mar
… daqui
… como os de lá
… tem mais rosas
… mais amores
… tem mais ouro
… tem mais terra
… amor e rosas
… tudo de lá
… Deus que eu morra
… volte para lá
… Deus que eu morra
… pra São Paulo
… a Rua 15
… de São Paulo
Oswald de Andrade (São Paulo, 11 de janeiro de 1890 — São Paulo, 22 de outubro de 1954). Publicado em 1924 na revista “Pau Brasil” e depois, no livro homônimo (“Poesia Pau Brasil”), em 1925. O texto é intertextual ao poema “Canção do exílio”, escrito em 1843 por Gonçalves Dias. Além de Oswald de Andrade, Casimiro de Abreu também fez uma paródia do poema “Canção do exílio” de Gonçalves Dias, que começa com os versos “Minha terra tem palmeiras, onde canta o Sabiá”