Eu tive um sonho
Que estava certo dia
Num congresso mundial
Discutindo economia.
Argumentava a favor de mais trabalho
Mais empenho, mais esforço, mais controle, mais-valia.
Falei de polos industriais, de energia.
Demonstrei de mil maneiras
Como que um país crescia.
E me bati pela pujança econômica
Baseada na tônica da tecnologia.
Apresentei estatísticas e gráficos,
Demonstrando os maléficos
Efeitos da teoria,
Principalmente, a do lazer, do descanso,
Da ampliação do espaço cultural, da poesia.
Disse por fim, para todos os presentes, Que um país só vai para a frente
Se trabalhar todo dia.
Estava certo de que tudo o que eu dizia
Representava a verdade para todo mundo que ouvia.
Foi quando um velho levantou-se da cadeira
E saiu assoviando uma triste melodia
Que parecia um prelúdio bachiano,
Um frevo pernambucano, um choro do Pixinguinha.
E, no salão, todas as bocas sorriram,
Todos os olhos me olharam,
Todos os homens saíram
Um por um, um por um, um por um, um por um.
Fiquei ali, naquele salão vazio, De repente senti frio,
Reparei que estava nu!
Despertei-me assustado e ainda tonto
Levantei-me e fui de pronto
Para a calçada ver o céu azul.
Os estudantes e operários que passavam
Davam risadas e gritavam
Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!
Carlos Jardel de Souza Leal (Campo Grande, cidade do Rio de Janeiro – 1948)
Jardel, como é conhecido, é economista, trabalhou comigo no Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e nesse departamento fizemos juntos no ano de 1998 em Atibaia-SP o curso sobre Reestruturação Produtiva – PCDA – alocados na Turma Amarela, juntamente com os colegas Cátia, Cris, Dagmar, Dary, Glória, Ivone, João Caires, Márcio, Mônica, Pedro “Oxentinho” Ivo, Pedro Sardi, Raul, Rodrigo, Thaiz e Walter.
Comenta via e-mail o colega Jardel: “Boa noite a todos meus queridos amigos. A belíssima poesia encaminhada pelo nosso amado Matosinho é de Gilberto Gil. Fico profundamente feliz por ela fazê-lo lembrar-se de mim, o que é algo de deixar qualquer ser humano orgulhoso. Beijos e abraços para todos!”
Fiquei emocionada com a lembrança! Saudades de todos e, em especial, de você, Matosinho! Amigo querido! Um beijo enorme e o desejo de que encontre-se bem. ❤️