Francisco Galeno nasceu em Parnaíba, Piauí, em 1957. Veio aos 20 anos para Brasília, em busca de melhores oportunidades, e lá reside até hoje. Freqüentou o ateliê-escola do pintor Moreira Azevedo, artista português. Fez curso-livre com Maria Pacca no Centro de Criatividade da Fundação Cultural do DF, sob a direção de Luís Áquila. Construiu um caminho artístico na contramão dos modismos e ao mesmo tempo atento às experimentações da arte contemporânea. Sua arte é conceitual, mas está enraizada na história de sua infância. Em suas próprias palavras: “na minha arte não entra um prego que não seja carregado de história afetiva”.
Olha o que diz o crítico de arte Olívio Tavares de Araújo sobre seu trabalho por ocasião de sua exposição “Galeno, Curumim Arteiro” ocorrida na Galeria Pontes no final de 2010:
“Galeno: uma harmonia não encucada
Às vezes, torna-se difícil separar a arte popular – que também não é, tampouco, a primitiva ou naïve – da produção erudita. Nesta exposição, somos confrontados com um caso. Trata-se de Galeno, pintor nascido no Piauí mas residente desde os 4 anos em Brasília. A partir da década de 1980, Galeno frequenta salões de arte (onde conheci seu trabalho) e circuitos de exposição decididamente eruditos. Existem, entretanto, em sua pintura, vários elementos que a deixarão à vontade perto das demais obras da Galeria Pontes, que se dedica de preferência ao segmento popular.
As soluções formais de Galeno – sobretudo a inteligente geometrização, a depuração de seu figurativismo (de resto tão lírico e intimista) – não me deixam dúvida quanto a considerá-lo erudito. Ao mesmo tempo, se de fato conhece bem a história da arte, ele não passou por um tipo de aprendizado técnico/estético que nos permitisse o uso do termo erudito em sentido estrito. Pelo mesmo motivo, não se insere nas tendências típicas de outros pintores de sua geração – que, quer figurativos, quer abstratos, se ligaram majoritariamente à tensão expressionista.
Na arte de Galeno não há drama. Seus temas bebem nas memórias da infância, as pipas com que brincava no vento forte do planalto central, os utensílios da mãe costureira (os carretéis são uma constante em sua iconografia), até os camaleões que tomavam sol, nas pescarias a que ia com o pai. Tudo isso aflora com um colorido extremamente harmonioso e uma visível espontaneidade não encucada. A própria geometria de Galeno é intuitiva, não tem nada de cerebral.
Ausente de São Paulo há muitos anos (onde expôs sempre com sucesso), eis Galeno de volta, para reassegurar-nos de seu talento e sua poesia.”
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