Destaque

Dia Nacional da Consciência Negra

Em nova colaboração ao site “Vivendocidade” falarei um pouco sobre a história do Dia Nacional da Consciência Negra. Espero que seja proveitoso! Como todos sabemos, no dia 20 de novembro comemora-se a data da Consciência Negra que marca o aniversário da morte de Zumbi ocorrida em 1695, portanto, há 318 anos atrás. Essa data foi criada em 2003 pela Lei nº 10.639 e tornou obrigatório, a partir de então, o ensino da História da África e dos afro-brasileiros no Ensino Fundamental e Médio. Essa lei chega aos dez anos e seu maior desafio ainda é o da superação do racismo na educação.

Zumbi (Palmares, Alagoas, 1655 – Viçosa, Alagoas, 20 de novembro de 1695) nasceu livre no quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, maior dos quilombos formados no período colonial, chegando a ter quase 30 mil habitantes. Zumbi foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado “Francisco”, ele recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa.

Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Ele então se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos. Ele chefiou os negros nos combates contra bandeirantes e capangas que queriam escravizá-los novamente. Foi traído e morto numa emboscada aos 40 anos de idade na serra Dois Irmãos, em Pernambuco, depois de ser barbaramente perseguido pelo bandeirante Domingos Jorge Velho e traído por Antônio Soares, um de seus homens de confiança, que havia sido capturado e torturado dias antes.

Seu corpo foi levado para Recife, onde foi exposto para amedrontar os outros escravos. Sem uma liderança, Palmares foi totalmente destruída, muitos negros voltaram à escravidão, outros fugiram e alguns foram perdoados pelos senhores de então.

Ele foi o último líder do pioneiro e mais importante quilombo existente no Brasil, Palmares, por este motivo ele é considerado pelo movimento negro o símbolo maior da resistência contra a escravidão em nosso país. Vemos pela nossa história que a abolição da escravatura só veio a ser decretada em 1888. Porém, os negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão, como nos mostra a resistência estabelecida por Zumbi dentro do quilombo de Palmares.

Essa consciência é muito importante, pois mostra, principalmente para as nossas crianças, a contribuição sócio-cultural dos negros, e ajuda a combater em nossa sociedade o racismo e as discriminações sociais.


A obra acima denomina-se “Senzala”, mede 50 x 134 x 40 cm e é uma escultura em madeira feita por Antonio Julião que é mineiro de Prados e tornou-se o maior expoente do grupo de artistas conhecido como “família Julião”. Ele realiza suas obras com força criativa, originalidade e evidentes recursos técnicos, em concepções de grandes proporções, em geral colunas esculpidas em um único tronco. Seus temas freqüentemente revelam crítica social e ambiental, ao expressarem ao mesmo tempo temas como o da senzala, de evidente conotação social e outros que retratam a visão utópica do homem em harmonia com a natureza, no paraíso. Essa obra faz parte do acervo da Galeria Pontes (www.galeriapontes.com.br), inaugurada em setembro de 2008, é especializada em arte popular brasileira. Ela está localizada em São Paulo e atualmente funciona apenas como galeria virtual.

Artigo publicado originalmente no site “Vivendocidade”, de Carlos Correa Filho (13/11/2013)

Edney Cielici Dias: “Na cidade onde me criei, a convite da Academia Araçatubense de Letras”

Academia Araçatubense de Letras (@academiaaracatubense) – A AAL é uma associação de escritores residentes da cidade de Araçatuba. Tem por intuito o fomento da literatura e da cultura em geral.

O Quintal Cultural (@oquintalcultural)
Rua Cussy de Almeida Jr, 2.088 – Araçatuba/ SP

Edney Cielici Dias: “Espaços brancos entre substantivos: diversos, verticais, humilíssimos, incandescentes”. Poeta devotado ao ofício da palavra, é doutor em ciência política, economista, jornalista e editor. Autor também de “Cartas da Alteridade” (Selo Demônio Negro, 2020).

ventiladorliterario.com

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Sufrágio da saxífraga

                                                 A Josely Vianna Baptista

Quebra-pedra, for nessa terra
só há se fura o asfalto e vara
a seca e o soco, o fogo e o fato.

As babosas nos quintais vicejam
e aveludam o cabelo de mães.
Ponte aguda entre o ar e o chão

é a espada-de-são-jorge. O sol
não há de estourar mamonas
pelo século todo e a cada hora.

Que samambaia dê logo flores!
e a pipoca estoure em milho
em nossas avenidas, nos sertões.

Esqueceu-se o Conselheiro
de que o vinagre há de virar leite
e o leite há de virar garapa?

Olhem só como já despencam
no colo da hortelã todas as romãs.
Aurora, é porteira escancarada!

Ricardo Domeneck (Bebedouro, São Paulo, 1977). Escritor, poeta e artista visual, desde 2002, vive e trabalha como curador e organizador de eventos em Berlim, Alemanha. Nesse ano de 2024 ficou em 1º lugar no Prêmio Jabuti no eixo poesia pelo seu livro “Cabeça de galinha no chão de cimento”, Editora 34

O echo

Tão tarde. Adão não vem? Aonde iria Adão?!
Talvez que fosse á caça; quer fazer surprezas com alguma côrça branca lá da floresta.
Era p’lo entardecer, e Eva já sentia cuidados por tantas demoras.
Foi chamar ao cimo dos rochedos, e uma voz de mulher tambem, tambem chamou Adão.
Teve mêdo: Mas julgando fantazia chamou de nôvo: Adão? E uma voz de mulher tambem, tambem chamou Adão.
Foi-se triste para a tenda.
Adão já tinha vindo e trouxera as settas todas, e a cáça era nenhuma!
E elle a saudá-la ameaçou-lhe um beijo e ella fugiu-lhe.

– Outra que não Ella chamára tambem por Elle.

Almada Negreiros (Trindade, São Tomé e Príncipe, 7 de abril de 1893 — Lisboa, 15 de junho de 1970), In “Frizos – Revista Orpheu nº 1”, 1915

Vem que te quero mostrar como vivo

Não apenas de caça, tocaia e crueza
Se fazem tigres e lobos

Se pudesses ouvir este segredo
(Este segredo de monge)
Uma mecha de fogo
Ondularia no limiar da verdade.

Não nos perde – me ouves? –
Não nos perde
Um lar promíscuo de feras
E coisas santas.

Moro entre elas, sou como um elo:
Assim minhas noites.

Vem que te quero mostrar como vivo
Enquanto quase todos dormem.
Há tigres e lobos em santuários
E eles comem das nossas mãos.

Mariana Ianelli (São Paulo, 1979). É autora de dezesseis livros de poemas, entre eles a antologia “Manuscrito do fogo” (2019), que marca vinte anos de poesia, e “América – um poema de amor” (2021 – semifinalista do Prêmio Oceanos 2022). Foi quatro vezes finalista do Jabuti em poesia (livros “Fazer silêncio”, “Almádena”, “O amor e depois” e “Tempo de voltar”). Nesse ano de 2024 foi indicada entre os 5 finalistas do Prêmio Jabuti no eixo poesia pelo seu livro “Dança no alto da chama”, Editora Cousa

All Star

Estranho seria
Se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as Índias
Mas a terra avisto em você
O som que eu ouço
São as gírias do seu vocabulário
Estranho é gostar tanto do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri, quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje
Estranho mas já me sinto
Como um velho amigo seu
O seu All Star azul combina
Com o meu preto de cano alto
Se o homem já pisou na lua
Como ainda não tenho seu endereço?
O tom que eu canto as minhas músicas
Pra tua voz parece exato
Estranho é gostar tanto do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri, quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra Laranjeiras
Satisfeito sorri, quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje

Composto por Nando Reis (12 de janeiro de 1963, São Paulo) e interpretado por Cássia Eller (10 de dezembro de 1962, Rio de Janeiro – 29 de dezembro de 2001, Laranjeiras, Rio de Janeiro)