Serenos

Sereno… Sereno…
Nem vento bolindo…
Perfume de rosas, de lírios, (meu bem!)
Saudades… que chuva de mágoas caindo!
E esta alma sozinha que penas que tem!

Sereno… Sereno…
E as coisas parecem
Caladas, distantes…

— Ai Pedro, que frio!
Nem árvores! — cessem
murmúrios ondeantes
das águas do rio.

Anseios, que valem?
Serenos se calem,
Serenos, que a vida
Começa amanhã,
E as coisas, coitadas,
Quietas, caladas,
Nem deram por mim…

Não vás acordá-las,
Deixá-las, deixa-las
Que eu fico-me assim…
(E o vento a embalá-las
Serenas… e o mar…)
Oh noite, que exalas
Saudades e luar!

António Pedro (Praia, Cabo Verde, 9 de dezembro de 1909 – Praia de Moledo, Moledo, Portugal, 17 de agosto de 1966). In “Devagar”, 1929

Autor: ematosinho

Eduardo Matosinho é economista e sociólogo com bacharelado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem 60 anos e é casado com Luiza Maria da Silva Matosinho e com ela tem um filho de nome João Alexandre da Silva Matosinho. Trabalha atualmente na Galeria Pontes (https://www.galeriapontes.com.br/), onde já está há 18 anos.

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