Eu faço versos
Como quem chora
De desalento
De desencanto
Fecho o meu livro
Se por agora
Não tens motivo
Nenhum de pranto
Meu verso é sangue
Volúpia ardente
Tristeza esparsa
Remorso vão
Dói-me nas veias
Amargo e quente
Cai gota
A gota
Do coração
E nestes versos
De angústia rouca
Assim dos lábios
A vida corre
Deixando um acre
Sabor na boca
Eu faço versos
Como quem morre
Wally Salomão (Jequié, Bahia, 3 de setembro de 1943 — Rio de Janeiro, 5 de maio de 2003)