Fui acordado às 4 horas da manhã para a refeição que, até hoje, é a de memória mais extraordinária de minha vida. Foi no Egito, numa viagem toda ela cheia de surpresas e deslumbramentos. Fomos chamados, minha mulher e eu, àquela hora, para o passeio mais esperado da viagem. Embarcamos numa van, com uns 20 ingleses muito afáveis, nossos companheiros de aventura, e viajamos alguns quilômetros por estrada de terra, a partir do hotel em Luxor. Uns 20 minutos depois, estávamos todos apertados numa nacelle, esperando os preparativos para a decolagem de um grande balão multicolorido, cujo bojo lentamente se enchia de ar quente. Completada a operação, subimos, céu ainda escuro. À medida que o balão ganhava altura, o sol magicamente se erguia junto, na linha do horizonte. Durante alguns minutos, em magnífico silêncio, pairamos sobre as tumbas dos faraós do Vale dos Reis. A grande surpresa nos aguardava na aterrissagem. Montada ali no deserto, uma mesa com o nosso breakfast: finas lâminas de salmão defumado, pão preto e – não podia faltar! – um champanhe gelado. E ainda torradas, manteiga, chá e café com leite. Pena que não veio Peter O´Toole, como Lawrence da Arábia. Nada é perfeito, mas valeu cada minuto, cada libra esterlina. E o Egito vale muitíssimo a pena, mesmo sem o requinte de um breakfast inglês no meio do deserto.
Fernando Pacheco Jordão (1937 – 2017) faleceu em São Paulo aos 80 anos. Atuou no jornalismo desde 1957, quando iniciou sua carreira na antiga Rádio Nacional, em São Paulo. Posteriormente, trabalhou como repórter, redator e editor de diversos veículos, como O Estado de S. Paulo, TV Excelsior, BBC de Londres, TV Globo, TV Cultura de São Paulo, revistas IstoÉ e Veja. Como consultor e assessor político atuou nas campanhas dos governadores Mário Covas e Geraldo Alckmin. Dirigente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na época do assassinato de Vladimir Herzog, Fernando escreveu o livro “Dossiê Herzog – Prisão, Tortura e Morte no Brasil”, que já está na sexta edição e constitui documento fundamental para a História do Brasil. Foi sócio-diretor da FPJ – Fato, Pesquisa e Jornalismo. Hoje é patrono do “Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão”, realizado pelo Instituto Vladimir Herzog desde 2009 e que já está em sua 11ª edição.