Ronaldo Mendes: Arte naïf

Ronaldo Mendes traz em sua história de vida um belo exemplo de superação. Artista autodidata e avesso aos modelos formais, fez da arte a sua maneira de viver e de transmitir felicidade aos outros. Admirador incansável da pureza do olhar infantil, emociona e surpreende a todos que conhecem o seu trabalho. Costuma dizer que “a vida é tão boa que só vai sair dela morto”.

Apesar do talento reconhecido, Ronaldo mantém a simplicidade e a constância no sonho de pintar a alegria. As dificuldades enfrentadas pelo Autismo que, em seu caso, compromete a habilidade de leitura, proporcionaram o desenvolvimento de um estilo muito original de composição de cores e formas.

“Eu acho que as bibliotecas deviam ter partes de áudio-livros ou um computador que grave em pen drives os livros falados, assim todos que de certa forma não leem, teriam acesso à leitura… não é difícil isso! Seriam vários beneficiados… os cegos, os disléxicos,os Autistas , os que têm déficit de atenção, os que estão velhinhos e não mais leem com a vista cansada, os que querem fazer uma caminhada e ao invés de ouvir musica ouvir um belo livro…. ahhh… gente precisando é o que não falta né?”

Apaixonado pela temática da infância, o pintor mineiro, morador de Belo Horizonte, é um homem brincalhão e simples, que abre as portas do seu atelier, divulga seu trabalho virtualmente, restaura esculturas em igrejas e realiza, voluntariamente, palestras nas escolas em que é convidado. As crianças que conhecem o seu trabalho ficam encantadas e começam a criar, colorir e reinventar a arte, dando ao artista o que ele considera o seu maior presente.

“Quando me convidam pra ir a uma escola, tenho que parar de pintar por um ou dois dias. Mas quando eu chego lá e vejo os meninos recriando o meu trabalho e vendo na arte uma possibilidade de futuro, fico feliz demais, ganho o dia”… a arte tem essa capacidade de transformar a vida das pessoas” e isso é bonito demais”.

“Numa escola, um coral de 200 crianças cantaram para mim uma canção “Paisagem da Janela”, cantada por Beto Guedes…. foi uma surpresa né.. eu cheguei na quadra onde teve a exposição das obras que os alunos pintaram em minha homenagem, e fui chamado por essas gracinhas que me colocaram de pé para ver, e, de repente, começaram… “Na janela lateral do quarto de dormir”…. então eu tentei não chorar, mas quem sou eu para tanto?… chorar é mostrar a própria alma…”

A generosidade de levar arte a todas as pessoas, também motivou o artista a visitar o Instituto São Rafael que desenvolve um trabalho com cegos. Depois dessa experiência, que o fez pensar em maneiras alternativas de expressar sua relação com as cores, Ronaldo começou a publicar, numa rede social, pequenos textos sobre personagens infantis que superam as diferenças. Narradas com simplicidade e doçura, suas encantadoras histórias trazem exemplos de personagens que, como ele, souberam encontrar uma maneira feliz de conviver com as diferenças. Para sua grata surpresa, a iniciativa modificou a atitude de alguns pais e educadores que desconheciam o Autismo.

Ronaldo, que encontrou uma forma de lidar com suas próprias dificuldades e de transformá-las em uma forma de viver, diz que não há para ele maior presente do que levar um pouco de alegria à casa das pessoas. Para ele “A luz ilumina as cores e as cores iluminam a nossa vida”.

Cynthia Valente é professora do Departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras da Universidade Federal de Santa Catarina

Contatos:
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Autor: ematosinho

Eduardo Matosinho é economista e sociólogo com bacharelado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem 60 anos e é casado com Luiza Maria da Silva Matosinho e com ela tem um filho de nome João Alexandre da Silva Matosinho. Trabalha atualmente na Galeria Pontes (https://www.galeriapontes.com.br/), onde já está há 17 anos.

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