Há dias
Em que o choro se represa
Encarcerado entre as paredes da garganta
Apreendido detrás dos olhos
Há dias
Em que a dor
É tudo o que há
A explosão é contida
Assim como os soluços
Sento-me e espero
Calma
A chegada da tempestade
Não há como conter a tempestade
Ela demole
Ela arrasta
Ela traga
A tempestade surge ruidosa
E avassaladora
Quebra paredes
Arrebenta as represas
Liberta as águas
que, então,
podem correr.
Cintia Alves – Nascida em 1972, dramaturga, roteirista, diretora teatral e pesquisadora de acessibilidade estética. Gestora do Museu Vozes Diversas.
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