XXXII
— E agora, compadre,
eu vou de volta pro Sem-Fim.
Vou lá para as terras altas,
onde a serra se amontoa,
onde correm os rios de águas claras
em matos de molungu.
Quero levar minha noiva.
Quero estarzinho com ela
numa casa de morar,
com porta azul piquininha
pintada a lápis de cor.
Quero sentir a quentura
do seu corpo de vaivém.
Querzinho de ficar junto
quando a gente quer bem, bem;
Ficar à sombra do mato
ouvir a jurucutu,
águas que passam cantando
pra gente se espreguiçar,
E quando estivermos à espera
que a noite volte outra vez
eu hei de contar histórias
(histórias de não-dizer-nada)
escrever nomes na areia
pro vento brincar de apagar.
Raul Bopp (Vila Pinhal, atual Itaara – Rio Grande do Sul, 4 de agosto de 1898 — Rio de Janeiro, 2 de junho de 1984)
As histórias de não dizer nada são as melhores, porque são só histórias mesmo. Só para estar perto.
Tio Raul gostava delas assim!
Bj