Meu amor me dá um beijo
Mexa com meu cotidiano
Balance meu coração regrado
Tire-me do sério e do plantão
Sacuda este terno de tergal
De funcionário mensalista
Meu bem me dá um abraço
Aperte meu esqueleto torto
Amasse uns documentos réis
Machuque os calos metódicos
Pise em minha maleta de ofício
Puída no transporte diuturno
Princesa me prende numa gaiola
Ou numa casinha de interior
Livre-me desta labuta absurda
De buscar a mera sobrevivência
Sem sal e sem carne: dê-me o sentido
De um naco do meu pão no seu corpo
Poema dedicado à Lulu, 10/Mai/2001.