Não tem coisa mais burra que o futebol: 22 marmanjos de calção correndo atrás de uma bola e se abraçando quando ela entra dentro da rede. Os meninos vão ao campo, ouvem o jogo pelo rádio e assistem na TV. Parece que não pensam em outra coisa e são incapazes de inventar, criar outras brincadeiras. Esta, em resumo, a visão que muita gente tem do futebol. Será verdade? Quando eu era menino, não era assim. Não é para me gabar, mas eu mesmo consegui ser imaginativo e criativo com o futebol. Eu tinha um time de botão composto quase todo por craques inventados. E aqui quero falar do maior ponta-direita que já vi jogar, o polonês Jerszy Gamarek Velocíssimo. Chutava de longe, um especialista em bolas de meia distância, indefensáveis. Foi o primeiro jogador que vi chutar de trivela, termo que nem existia na época. Quanto à origem dele, desconheço-a. Sem desmerecê-lo, o nome também inventei, claro: era nada mais que a marca do vaso sanitário da minha casa lida de trás para a frente: Keramag – Gamarek. Talvez isso fizesse dele um ponta tão desconcertante.
Fernando Pacheco Jordão (1937 – 2017) faleceu em São Paulo aos 80 anos. Atuou no jornalismo desde 1957, quando iniciou sua carreira na antiga Rádio Nacional, em São Paulo. Posteriormente, trabalhou como repórter, redator e editor de diversos veículos, como O Estado de S. Paulo, TV Excelsior, BBC de Londres, TV Globo, TV Cultura de São Paulo, revistas IstoÉ e Veja. Como consultor e assessor político atuou nas campanhas dos governadores Mário Covas e Geraldo Alckmin. Dirigente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na época do assassinato de Vladimir Herzog, Fernando escreveu o livro “Dossiê Herzog – Prisão, Tortura e Morte no Brasil”, que já está na sexta edição e constitui documento fundamental para a História do Brasil. Foi sócio-diretor da FPJ – Fato, Pesquisa e Jornalismo. Hoje é patrono do “Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão”, realizado pelo Instituto Vladimir Herzog desde 2009 e que já está em sua 11ª edição.