Dalton Costa
Nascido em Goiânia/ GO em 1955, vive e mantém atelier de pintura e escultura em Maceió/ AL. Artista contemporâneo de múltiplas técnicas, suas obras são realizadas a partir de pintura, escultura e montagens. Uma das principais características de seu trabalho é o uso de madeiras nobres de demolição, portas e janelas de cedro, imbuia, louro e marfim. Realiza extenso trabalho de pesquisa viajando pelo nordeste, em regiões como o Vale do Catimbau, Chapada Diamantina e principalmente as margens do Rio São Francisco. Nos últimos anos tem se dedicado à realização de vídeos documentários sobre a vida e a obra de artistas populares, tais como “Fernando Rodrigues, o Guardião de Memórias”, “Dona Irinéia , a Senhora do Barro” – Direção e Imagens e “O universo Lúdico de Resendio”. Em seu currículo constam 10 exposições individuais e inúmeras coletivas, além de citações nas principais publicações de arte. Sobre sua obra escreveu recentemente Célia Campos, doutora em Artes pela USP: “A atual produção de Dalton Costa mostra uma profunda transformação da sua expressão artística, é como se, neste momento, ele pusesse de lado todas as suas experiências formais e técnicas anteriores. Nesta exposição o artista organiza um discurso que tenta falar “por meio das coisas”, através de instalações com elementos que se repetem em diferentes organizações: corações, fitas, textos, caixas; organizações onde cada elemento está carregado de significados implícitos. A sua recusa à antiga técnica faz existir agora uma “técnica projetual” conforme conceituava Argan, a qual consiste em tomar posse e usar coisas e imagens que fazem parte do contexto social e do ambiente local. A isto se chega através da coleta, da apropriação de objetos que pertencem ao mundo; é o acúmulo de coisas apanhadas, de coisas “vividas” que já cumpriram as suas funções originais. Há uma ênfase à técnica do artesão, do marceneiro numa busca para se relacionar com as camadas mais internas – viscerais – do material escolhido. Por outro lado a voz do artista se faz presente através dos textos que aludem à consciência do vazio, da fragilidade humana, de uma religiosidade sem respostas, à quase ausência da esperança… Eis o contraponto entre a experiência vivencial e sua manifestação expressiva. O artista quer nos contar algo, quer nos fazer cúmplices da sua experiência, companheiro em suas buscas e para isso pede-nos a interagir com sua obra, seja tocando seus objetos, seja lendo seus discursos. Esta é uma produção artística de forte cunho catártico que representa uma viagem para dentro do sofrido interior do artista. Mas é uma produção capaz, por sua própria força, de transcender o drama individual da qual ela se originou. Aqui cada obra, cada palavra abrem um pequeno vão no arquivo da memória ou revolvem a matéria fragilmente preservada no sótão do inconsciente. Este é o caminho que Dalton Costa busca para encontrar no espaço da criação o significado para continuar existindo como homem e como artista.
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