Marinha, com nuvens

I

Era novembro, em Tehuantepec,
E o marulhar do mar calou-se à noite.
Pela manhã desceu sobre o convés

Uma cor morna, como chocolate
Âmbar, como sombrinhas amarelas.
Um verde-éden suavizava a máquina

Do oceano, de uma limpidez perplexa.
Mas quem, naquela doce latitude,
Fez flores líquidas de luz se abrirem,

Mas quem de nuvens fez flores de mar,
Deitando bálsamo sobre o Pacífico?
C’était mon enfant, mon bijou, mon âme.

Dentro do mar, as nuvens alvejavam,
Flores moventes, num verde marinho
E radiante, enquanto o céu fluía

Num antiqüíssimo reflexo em volta
Dessas flotilhas. Vez por outra o mar
Vertia um íris vívido no azul.

Wallace Stevens (Reading, Pensilvânia, Estados Unidos, 2 de outubro de 1879 — Hartford, Estados Unidos, 2 de agosto de 1955), in “Harmonium” (1923/1931)

Autor: ematosinho

Eduardo Matosinho é economista e sociólogo com bacharelado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem 60 anos e é casado com Luiza Maria da Silva Matosinho e com ela tem um filho de nome João Alexandre da Silva Matosinho. Trabalha atualmente na Galeria Pontes (https://www.galeriapontes.com.br/), onde já está há 17 anos.

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