Pedrinhas da rua

Pedrinhas da rua,
Por todos pisadas,
Muito hão-de sofrer!
Parece-me, às vezes,
De tão magoadas,
Que as oiço gemer…

Que boa era a vida
Na serra distante
Entre os rosmaninhos!
Só viam de longe
Algum viandante
Passar nos caminhos.

Ouvindo cantar
Com voz sonhadora
Certa pastorinha,
Pensavam: será
A Nossa Senhora
Que está na ermidinha?

À chuva e ao sol
Viviam contentes,
Tinham liberdade.
Mas tudo mudou:
Hoje são diferentes…
Ai! Quanta saudade!

Partidas em mil
Foram torturadas
Até que, por fim,
Cravadas no chão
Sofrem desprezadas,
Tormentos sem fim.

E os pés descalcitos
De alguma criança
Das mais pobrezinhas,
São o único afago
Na vida sem esperança
Das tristes pedrinhas.

…………………….

Pedrinhas da rua
Por todos pisadas
Muito hão-de sofrer!
Parece-me às vezes,
De tão magoadas,
Que as oiço gemer…

Maria Lamas (São Pedro, Torres Novas, Portugal, 6 de outubro de 1893 — Alcântara, Lisboa, Portugal, 6 de dezembro de 1983). Poema publicado sob o pseudônimo de Rosa Silvestre, no suplemento “Semana infantil” do jornal A voz, n.º 279 – Novembro 1927, p. 3

Autor: ematosinho

Eduardo Matosinho é economista e sociólogo com bacharelado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem 60 anos e é casado com Luiza Maria da Silva Matosinho e com ela tem um filho de nome João Alexandre da Silva Matosinho. Trabalha atualmente na Galeria Pontes (https://www.galeriapontes.com.br/), onde já está há 18 anos.

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