No ano de 1939 nascia na pequena cidade de Dores de Guanhães, Zona da Mata mineira, Sebastião Januário, que mais tarde viria a ser conhecido no Brasil e no mundo, apenas pelo segundo nome: Januário. O pequeno Januário, nascido com forte dom e tendências artísticas, não se encaixava na labuta das lavouras e nem no trabalho com animais, e aos dezessete anos, emigrou de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, onde teve breve passagem pela Aeronáutica, prestando serviço militar na base aérea dos Afonsos, onde nas horas vagas, desenhava e pintava, tendo alguns de seus trabalhos adquiridos por um oficial que os mostrou ao Brigadeiro Délio Jardim de Mattos, à época comandante da base aérea, e este com grande sensibilidade, percebeu o dom natural do soldado Januário e o aconselhou a pedir baixa da aeronáutica e seguir sua verdadeira vocação, e para ajudá-lo, na caminhada, o encaminhou para trabalhar como doméstico na residência de sua filha que era frequentada por vários artistas entre eles: José Paulo Moreira da Fonseca e Carlos Scliar, este último adquiriu algumas obras do jovem pintor e o encaminhou para o curso livre de arte ministrado por Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna – MAM RJ, ai começa o caminho do artista através dos mestres, pois em seguida, Januário cursou por breve período a Escola de Belas Artes da UFRJ, estudou também desenho com Oswaldo Teixeira e Eduardo Sued. Na década de 60 foi morar em Paris – França com a família do Brigadeiro Délio Jardim de Mattos, onde teve a oportunidade de estudar arte no Museu de Arte Moderna de Paris – França. De retorno ao Brasil no ano de 1968, começa então sua caminhada como expositor da arte brasileira. Sempre fiel às suas origens, sua fé, e gratidão aos amigos que lhe proporcionaram o caminhar artístico, manteve-se também fiel ao seu estilo de trabalho, e com traços firmes, desenhos delicados em cores quentes e chapadas onde as figuras aparecem sempre contornadas por um traçado negro, nos remetendo aos vitrais das grandes catedrais. Assim Januário marca seu nome no contexto da arte brasileira, transmitindo para as telas a força do catolicismo e do sincretismo religioso tão presente na formação do nosso povo, e nos traz também : a beleza das caboclas e caboclos do sertão em belos trabalhos, ora executados em óleo sobre tela e outras vezes em acrílico sobre tela, sempre com um lindo colorido e delicado resultado plástico, o que também não é diferente em seus bicos de pena, comumente usados em ilustrações de livros. Ao longo de sua carreira, o artista participou de inúmeras mostras coletivas, e também realizou diversas mostras individuais em galerias de arte, centros culturais e museus no Brasil e no exterior, tendo sua obra comentada por respeitados críticos entre eles podemos destacar: Roberto Pontual, Walmir Ayala, Júlio Louzada e Oscar D’ambrosio, sua obra figura em importantes dicionários de arte: Dicionário de Artes Plásticas do Brasil – Roberto Pontual, O Brasil por seus Artistas – Walmir Ayala, Dicionário de Arte do MEC, Dicionário de Artes Júlio Louzada, Itaú Cultural, Dicionário de Artes do Banco Bozano Simomsen entre outros.
Luiz Carlos da Costa Paula – Artista Plástico e ativista sociocultural
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Sebastião Januário, é um pintor único. Surgiu naturalmente, depois de estar servindo à Aeronáutica, onde foi descoberto pelo Brigadeiro Delio Jardim de Matos, que se encantou com os seus desenhos, e o levou, como mordomo de sua casa à França, onde colocou-o numa Academia de Arte para estudar. Lá, os franceses viram nele qualidades, e o recusaram como aluno, não querendo interferir nas suas concepções de formas e cores. Assim nascia o pintor Januário. A religiosidade sempre esteve presente na vida de Januário, e as paisagens mineiras, ele as mantinha, em grandes girassóis, ornamentando santos e naturezas mortas. Da França, onde morou algum tempo, Januário trouxe na lembrança os vitraux das igrejas, e integrou seus contornos às suas obras.
Conheci-o pessoalmente em 1981 e dele fiquei amigo. Nessa época eu trabalhava na Área Internacional do Banco do Brasil, RJ, e apresentei Januário e sua obra aos meus colegas de BB, que iam adquirindo quadros no pintor, à medida que ele se firmava e começava uma enorme produção. A figura de São Francisco de Assis é uma constante em suas obras, e os girassóis mineiros dificilmente deixam de surgir em seus quadros. Januário é uma criatura simples, sem ambições, que ainda não foi devidamente analisado como artista. Sua obra e seu traço personalizado são inconfundíveis. Apesar de estar vivendo no Rio de Janeiro há longos anos, Januário, ainda que em lembranças, não se afasta das paisagens de Dores de Guanhães, sua terra, sua gente, Minas Gerais presente, em campos de girassóis.
Querido amigo Paulo Roberto Godinho. Obrigado por acrescentar detalhes que a mim passaram despercebidos ao formatar o texto sobre a obra de nosso grande amigo.
Abraço fraterno,
Luiz Carlos da Costa Paula
Parabéns pelo reconhecimento, parabéns ao Januário!
Brilhante artista, sua arte retrata, com cores vívidas como esse Brasil, toda a expressão de um povo simples e rico de alma! Mais um dos nossos que resgata uma brasilidade pouco esquecida, parabéns! Traços únicos, obra divinal!
Nossa que legal saber que ele está vivo.
Fomos agraciados com um quadro dele. Um presente dele para a minha mãe Eneth Grazinoli em 1983 na cidade de Petrópolis.
Nota de pesar: Faleceu nessa manhã (14/01/25) às 10:45 horas o artista plástico Januário. Ele morreu em seu apartamento na praça da Bandeira no Rio de Janeiro, vitimado por um AVC. Essa notícia me foi trazida pelo colaborador desse blog Costa Paula via WhatsApp que acrescenta que não gostaria de ser o emissor dessa triste mensagem.
Obrigado amigo Eduardo.
Mais um grande artista que se vai deixando saudades e um grande legado.