Poemeu

Sempre linda verde vida vadia
Âmagos e ácaros
Vertem numa silhueta púrpura
No fim dos nossos dias
Abacaxis e sapos do dia a dia
Sobressaltos & cotidianidade
Tesão frustração acomodamento
Sai ou não esse arroz com feijão
Ou a grana do tubarão
A música urbana + do samba canção e
Da cuiquinha
Money grana dargeant para comer
Bucetas com champignon
E falar do coração (despedaçado) pela
Ilusão de conseguir
Na velocidade lenta e chacoalhenta
Dos dias uma emoção para (continuar a)
Viver.

Santos, 14/Set/1990.

Exposição “Tarsila popular” no Masp (até 28/07/2019): Porto I, 1953 e A feira I, 1924

Museu de Arte de São Paulo (Museu diverso, inclusivo e plural)

O Masp é um museu privado sem fins lucrativos, fundado em 1947 pelo empresário e mecenas Assis Chateaubriand (1892-1968), tornando-se o primeiro museu moderno no país. Chateaubriand convidou o crítico e marchand italiano Pietro Maria Bardi (1900-1999) para dirigir o Masp, e Lina Bo Bardi (1914-1992) para desenvolver o projeto arquitetônico e expográfico. Mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul, hoje a coleção do Masp reúne mais de 10 mil obras, incluindo pinturas, esculturas, objetos, fotografias, vídeos e vestuário de diversos períodos, abrangendo a produção europeia, africana, asiática e das Américas.

O Masp tem a missão de estabelecer, de maneira crítica e criativa, diálogos entre passado e presente, culturas e territórios, a partir das artes visuais. Para tanto, deve ampliar, preservar, pesquisar e difundir seu acervo, bem como promover o encontro entre públicos e arte por meio de experiências transformadoras e acolhedoras.

Tarsila do Amaral (Capivari, SP, 1886 – São Paulo, 1973) é uma das maiores artistas brasileiras do século 20 e figura central do modernismo. Esta é a mais ampla exposição já dedicada à artista, reunindo 92 obras a partir de novas perspectivas, leituras e contextualizações.

De família abastada, de fazendeiros do interior de São Paulo, Tarsila desenvolveu seu trabalho com base em em vivências e estudos em Paris a partir de 1923. Por meio das aulas com André Lhote (1885-1962) e Fernand Léger (1881-1955), aprendeu a devorar os estilos modernos da pintura europeia, como o cubismo, para digeri-los e, de maneira antropofágica, produzir algo singular. É importante chamar atenção para a noção de antropofagia, criada por Oswald de Andrade (1890-1954): um programa poético através do qual intelectuais brasileiros canibalizariam referências culturais europeias com o objetivo de digeri-las e criar algo único e híbrido, além de incluir elementos locais, indígenas e afro-atlânticos.

O enfoque da exposição é o “popular”, noção tão complexa quanto contestada, e que Tarsila explorou de diferentes modos em seus trabalhos ao longo de toda a sua carreira. O popular está associado aos debates sobre uma arte ou identidade nacional e a invenção ou construção de uma brasilidade. Em Tarsila, o popular se manifesta através das paisagens do interior ou do subúrbio, da fazenda ou da favela, povoadas por indígenas ou negros, personagens de lendas e mitos, repletas de animais e plantas, reais ou fantásticos. Mas a paleta de Tarsila (que serve de inspiração para as cores da expografia) também é popular: “azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante”.

Tarsila popular tem curadoria de Fernando Oliva, curador do Masp, e Adriano Pedrosa, diretor artístico do museu.

Serviço:
Masp – Av. Paulista, 1.578
Terça-feira (grátis): 10h-20h
Quarta-sexta: 10h-19h
Sábado-domingo: 10h-20h
(horários ampliados até 28/7)
masp.org.br/oficinas
Instagram: @masp

Francisco Galeno: entre Piauí e Brasília

Francisco Galeno nasceu em Parnaíba, Piauí, em 1957. Veio aos 20 anos para Brasília, em busca de melhores oportunidades, e lá reside até hoje. Frequentou o ateliê-escola do pintor Moreira Azevedo, artista português. Fez curso-livre com Maria Pacca no Centro de Criatividade da Fundação Cultural do DF, sob a direção de Luís Áquila. Construiu um caminho artístico na contramão dos modismos e ao mesmo tempo atento às experimentações da arte contemporânea. Sua arte é conceitual, mas está enraizada na história de sua infância. Em suas próprias palavras: “na minha arte não entra um prego que não seja carregado de história afetiva”, ressaltando que sua arte conceitual não é fria, abstrata ou cerebral, mas sim o diálogo com a fonte popular. As matérias primas utilizadas por Galeno são os objetos recolhidos do cotidiano do interior do Brasil – carretéis vazios, latas, partes de tear, restos do dia a dia que ele transforma de lixo em matrizes de sua expressão artística. É hoje um nome consagrado nas artes plásticas da capital da República, com grande reconhecimento da crítica. Continua vivendo em Brazilândia, cidade satélite de Brasília, o mesmo local onde se estabeleceu ao chegar à cidade.

Contatos:
www.instagram.com/explore/tags/franciscogaleno
jhongaleno@hotmail.com

Namorada

Você chegou assim de vesgueio
E foi se alojando em meu coração
Antes solitário e amargurado
Por buscar algo que não sabia bem o que

Sempre busquei algo como uma companhia
Não nunca soube bem o que
Talvez seja algo tão simples e decidido
Como uma companheira

Desde então a solidão não mais me assusta
Pois sei que tenho alguém para os dias
E uma mulher de verdade
Para as noites de amor em minha cama

Hoje vivo com tranqüilidade meus dias
Não vago por aí como um errante em busca
De não sei o que: curto o sossego do lar
E estou por inteiro, como quando vim ao mundo

Higienópolis, São Paulo, 18/Out/2000.

Abstrações de Selma Daffrè

Selma Daffrè, gravadora, pintora, aquarelista e professora de arte. Algumas Individuais: 1983, Elf Galeria – Belém e Galeria SESC Paulista – São Paulo; 1988, Galeria Millan – São Paulo; 1989, Galeria Jardim Contemporâneo – Ribeirão Preto – SP; 1990, Museu da Universidade Federal Belém – PA; 1991, Falsterbo Konsthall – Suécia; 1992, Galeria Linné – Uppsala – Suécia; 1993, Museu da Universidade Federal do Pará; 1994, Stadtbibliothek,- Nurnberg – Alemanha e Fundação Cultural de Uberaba – MG; 1997, Galeria Barsikow – Alemanha e Ibero-Americanisches Institut – Berlim- Alemanha; 1998, Falsterbo Konsthall – Suécia; 2002, Malaspina Printmakers Society – Canadá e 2007 Galleri Nytorget 13 – Suécia.

Contatos:
www.facebook.com/profile.php?id=100006288677651
www.instagram.com/daffreselma
selmadaffre@terra.com.br