Chove?
Sorri uma garoa de cinza,
Muito triste, como um tristemente longo…
A Casa Kosmos não tem impermeáveis em liquidação…
Mas neste Largo do Arouche
Posso abrir o meu guarda-chuva paradoxal,
Este lírico plátano de rendas mar…
Ali em frente… – Mário, põe a máscara!
-Tens razão, minha Loucura, tens razão.
O rei de Tule jogou a taça ao mar…
Os homens passam encharcados…
Os reflexos dos vultos curtos
Mancham o petit-pavé…
As rolas da Normal
Esvoaçam entre os dedos da garoa…
(E si pusesse um verso de Crisfal
No De Profundis?…)
De repente
Um raio de Sol arisco
Risca o chuvisco ao meio.
Mário de Andrade (São Paulo, 9 de outubro de 1893 — São Paulo, 25 de fevereiro de 1945), In “Paulicéia Desvairada”