transformar-se numa distração de domingo: os
outros dias, como toda a gente faz, suportam-se
insuportáveis; e até domingo entardece amargo,
aquele fedor acre das segundas-feiras automáticas,
pé ante pé dos espremidos no metrô, dos gritos de
pressa e resultado no trabalho: escravo, pensa na
vida; mas sem tempo de pensar? o mundo te diz:
[segue quieto, de cabeça baixa, conta o sucesso em
cifras na tua conta: compra e cala, e torce por um
bom sono sob o silêncio de tanta telha descorada];
a roupa, deixa separada de véspera, passada e pronta:
é estar preparado para tudo, mas habituado ao nada.
Dirceu Villa (São Paulo – SP, 1975)