Costuma-se chamar “arte popular” a produção de pinturas, esculturas em madeira e modelagens em barro feitas por artistas autodidatas. São pessoas que sem jamais terem frequentado escolas de arte, criam obras com uma estética diversa da chamada “arte erudita” e que têm reconhecido valor artístico.
Seus autores são gente do povo, isto é, pessoas com poucos recursos econômicos, que vivem no interior do país ou na periferia dos grandes centros urbanos. Para eles, a arte é uma forma de reinterpretar o mundo à sua maneira e significa, antes de tudo, trabalho – é um saber fazer próprio e original.
Apesar de fortemente enraizada na cultura e no modo de viver das pequenas comunidades nas quais tem origem, a arte popular exprime o ponto de vista de indivíduos cujas experiências de vida são únicas. Apresenta os principais temas da vida social e do imaginário — seja por meio da criação de seres fantásticos ou de simples cenas do cotidiano — numa linguagem em que o bom humor, a perspicácia e a determinação têm lugar de destaque. Talvez venha daí seu forte poder de comunicação, que ultrapassa as fronteiras de estilos de vida, situação socioeconômica e visão de mundo, interessando a todos de maneira indistinta.
Fabio Magalhães e Edna Matosinho de Pontes