(…)
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
João Cabral de Melo Neto (Recife, 9 de janeiro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1999). In “Morte e vida Severina e outros poemas em voz alta”. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1976. Esse livro me foi presenteado em 1977 pela prima Maria de Fátima Silva Valverde em Assis – SP