A caminho do hospital de isolamento
sob as vagas de nuvens mosqueadas
de azul que chegam impelidas
do nordeste – um vento frio. Além, o
ermo de extensos campos lamacentos
pardos de erva ressequida, em pé ou aparada
nesgas de água parada
dispersão de árvores altas
Ao longo do caminho todo, ruivos, roxos
bifurcados, erectos, ramalhudos
os arbustos e arvoredos com
folhas de vide, pardas, mortas a seu pé
sem vidres –
Sem vida aparente, a vagarosa
e tonta primavera se aproxima –
Eles entram o novo mundo nus,
friorentos, inseguros de tudo,
salvo que entram. À sua volta sempre
o vento frio, já conhecido –
Hoje a relva, amanhã a tesa folha
espiralada da cenoura brava
Um por um os objetos se definem –
Mais depressa: luz, perfil de folha
Eis agora porém a hirta dignidade da
entrada – Entanto, a mudança profunda
acometeu-os: arraigados, eles
aferram-se ao chão e começam a acordar
William Carlos Williams (Rutherford , Nova Jersey , Estados Unidos, 17 de setembro de 1883 — 4 de março de 1973). Tradução: José Paulo Paes (Taquaritinga, São Paulo, 1926 — São Paulo, 9 de outubro de 1998)