Não escrevi nem vinte poemas de amor,
Nem uma canção desesperada,
Quanto menos uma letra de música
Não tive nem a coragem, nem o brilho de Neruda
Nem o encanto de compositores como Noel, Cartola
E os da vanguarda da Música Popular Brasileira
Sambei, mas não compus nenhum samba
Simplesmente batuquei no teclado algumas cartas
Poucas enviadas – e que falavam de amor
Minha musa se perdeu com o tempo
E o poema de amor que pretendera escrever um dia
O mar levou em ondas de uma maré que já baixou
Quanto à canção desesperada fiquei devendo
Repeti a ciência ensinada no colégio numa prosa fraca
E esta se perdeu na gaveta de algum professor
O que escrevo agora é um lamento, um choro,
Pois a fraqueza da vida me pegou e minha herança
Será apenas esse torto poema sem nome e sem cor