A exposição “A arte do povo brasileiro” foi prorrogada

Em uma parceria da Pé Palito Antiquário & Arte e Galeria Pontes acontece em Brasília a exposição “A arte do povo brasileiro” com mais de 150 obras de 67 artistas diferentes e tem a curadoria de Bené Fonteles e de Edna Matosinho de Pontes. Essa exposição foi prorrogada até 30 de novembro.

Aguardamos a sua visita!

Local: Pé Palito Antiquário & Arte
SHIN CA 4 – Shopping Iguatemi, Loja 143 – Lago Norte
Brasília – DF
CEP: 71503-504

Entrada franca

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Sentimentos, aprender a com eles conviver

Trilhos de mel são pensamentos bons,
Pesadelos passados, caminhos do mal.
Vida, solo, fragmentos: maniqueísmo.
Uma pedra se firmou no centro nórdico
Daquele que só concebe o bem e o mal.
E a sobra disso tudo, dispersa por aí, vai
Seguindo sua rota, cambaleando serena,
Marcando, revertendo, virando – no seco,
Ao largo, ou meramente distante da base.
Centrada em ser o que é, um sentimento,
Sem a qual a vida que levamos é vazia,
Cai no nada, não move nem agita nunca.
Vira uma madeira dura que não se curva
E que o vento forte arrebenta numa leva.
Por isso se espelhe no passado e aprenda
Que ser solto é bom, ser leve impulsiona
E ser vivo é aprender com a vida a seguir
Entre as lacunas do bem, do mal e do certo,
No rumo dos sentimentos sempre presentes
E os quais temos que conhecer sem temer
A dor e a luta de sempre conviver com eles.

Quanto mais te encontro mais percebo-te

Quanto mais te encontro mais percebo-te
(Aquele cabelo molhado – o ato de penteá-los)
No carro, em casa, no trabalho, na livraria
(As poses nas fotos revelam-te um ser cubista)

Você me procura ao longe e sou eu que te acho
No detalhe do brinco, do óculos, da unha curta
E esse ato me desperta para um outro ângulo
Escavado da vida, libertador de desejos ocultos

Percebo-te também na festa e na taça que borbulha
No veio de madrepérola dos teus dentes que sorriem
Para a alegria de poder viver na diversidade do ser
Uma mulher que ama com fé e por igual o seu anima

O abstrato de Costa Paula: O beijo de Eva, Labirintus e Símbolos

Luiz Carlos da Costa Paula, ou Costa Paula, nome escolhido pelo próprio artista para assinar suas telas. É poeta, ativista sociocultural e pintor autodidata. Teve orientação por pequeno período no inicio de sua carreira nos anos 80 na sua cidade natal, Petrópolis no estado do Rio de Janeiro, do engenheiro , poeta e aquarelista Walter Farrah. Percebendo que o estilo acadêmico não era seu caminho, abandonou as aulas, mas não a arte. Apaixonado pelas artes e seu mundo, participou de curso sobre história e mercado da arte no ateliê do artista plástico Januário e recebeu também orientações do escritor, ensaista e crítico de arte Walmir Ayala e continuou no meio artístico, não como pintor, mas como agenciador de obras de arte.
Mas continuava ardendo em sua alma a paixão pelas cores, e nos anos noventa, apresenta ao público seu trabalho em telas multicoloridas em cores vibrantes, que formam frente a nossos olhos, verdadeiros labirintos, numa agradável associação de cores e formas geométricas.
Traçado firme e entrelaçamento de linhas que são estrategicamente colocadas, de forma a nos levar a espaços de dimensões futuristas.
Despido de suas verdades interiores, nos mostra de maneira elegante, um estilo característico de uma arte abstrata, dentro do concretismo moderno, revelando-nos um belo conjunto de mosaicos de cores vindas de sua paleta alegre, que nos causam grande e profunda emoção.

Sebastião Januário – Artista Plástico (Escrito para o livro “Cristal de talentos de Adaljiza Cuan”).

Contatos:
www.facebook.com/costa.paula1
www.instagram.com/costapaulaartes
costapaulaartes@gmail.com
WhatsApp: (21) 9 9140-9641

Pontas

De fininha que se percebe
A que cutuca
Quando encosta em nossa pele

Ponta pode ser de agulha
De estrepe ou de caco de vidro
Fagulha que entra e que sangra

No pé nos faz mancar
Andar meio de lado
Ficar de uma perna só

Na mão, nos faz chupar os dedos
No corpo, arrepiar,
Coçar e rir, ou chorar, se doer

A vida é assim:
Feita não só de mares de rosas
Mas de pontas de espinhos

No sentido de nossos caminhos
Se alternam não só as pedras,
Mas as farpas e as lascas:

Agudas de vida

Crônica de Fernando Pacheco Jordão: O pichador, o til e a vida

Escolheu um lugar complicado, a parede do túnel sob a Praça Roosevelt. Difícil e perigoso. Debruçou-se, metade do corpo para fora, latinha de spray na mão. Os colegas o seguraram pelos tornozelos e ele começou a escrever. De baixo subia um ruído assustador, como o rugido de um dragão. Era o trânsito pesado que o Minhocão despejava em direção à 23 de Maio e Zona Leste. Dragão, aliás, era o nome de sua gangue de Pichadores. Sentiu a cabeça e o corpo começando a pesar, puxando-o para baixo. Passou até um rabecão do IML, mais azar que gato preto. Sentiu que os tornozelos começavam a escorregar pelas mãos dos colegas, deu medo, também porque se demorava naquele sinal enjoado, uma cobrinha em cima do A, que sempre o atrapalhava quando ia à escola, sabe lá por que chamam de tiom, pensou. E os tornozelos escorregando, seu corpo deslizando em direção ao abismo, não tinha como se segurar. Foi sentindo o peso aumentar, os colegas finalmente o soltaram. Estatelou-se no asfalto do túnel. A polícia examinou o corpo. Um fotógrafo apontou sua câmera para a parede do túnel, estava escrito o que ele escrevera “Não perca sua vida”.
A história é fictícia, mas a frase de fato existe, no local descrito:

Passageiro do trem das onze
Filho único, falha imperdoável
Breve história de solidão e frustração

Não, André Luiz não mentia. Era de fato filho único e, embora já entrado nos trinta, morava mesmo com a mãe, e cuidava dela, num sobradinho deixado pelo pai, no Jaçanã. Aconteceu que naquela noite se descuidou, ficou até muito tarde no apartamento de Aline, uma jovem e simpática garota de programa por quem enrabichara já fazia algum tempo. Perdeu o trem, perdeu a hora de passar na pensão do tio para pegar a marmitex com a comida da mãe. Chegando em casa, já foi adivinhando as queixas de sempre ”André Luiz! Outra vez com aquela mulher? Não presta, meu filho, larga dela”. Mas não. Encontrou-a na poltrona da sala, dormindo, televisão ligada, só com chuvisco. Na mesa, um fogareiro e um ovo que ela tentara em vão cozinhar enquanto ele não chegava com a comida. Queimou uma caixa de fósforos inteira. Em tempo de botar fogo na casa, que perigo!, pensou ele. Foi então que, arrependido e de consciência pesada, resolveu atender os reclamos da mãe – e jurou triste e frustrado, que, embora fosse sentir saudade, nunca mais iria se encontrar com Aline.

Fernando Pacheco Jordão (1937 – 2017) faleceu em São Paulo aos 80 anos. Atuou no jornalismo desde 1957, quando iniciou sua carreira na antiga Rádio Nacional, em São Paulo. Posteriormente, trabalhou como repórter, redator e editor de diversos veículos, como O Estado de S. Paulo, TV Excelsior, BBC de Londres, TV Globo, TV Cultura de São Paulo, revistas IstoÉ e Veja. Como consultor e assessor político atuou nas campanhas dos governadores Mário Covas e Geraldo Alckmin. Dirigente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na época do assassinato de Vladimir Herzog, Fernando escreveu o livro “Dossiê Herzog – Prisão, Tortura e Morte no Brasil”, que já está na sexta edição e constitui documento fundamental para a História do Brasil. Foi sócio-diretor da FPJ – Fato, Pesquisa e Jornalismo. Hoje é patrono do “Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão”, realizado pelo Instituto Vladimir Herzog desde 2009 e que já está em sua 11ª edição.