Era de manhã que o trem partia. Então, por volta das 9 horas começavam as férias. Íamos, minhas irmãs, minha mãe e uma tia, para São José do Rio Pardo, um rio conhecido porque em suas margens Euclides da Cunha escreveu Os Sertões. Mas para nós, crianças, importavam eram as brincadeiras à nossa espera. A alegria começava já no trem, quando minha tia abria o cesto de vime, cheio de coisas deliciosas – os pastéis que ela tinha preparado na véspera, os croquetes de carne (acho que por isso até hoje prefiro pastéis e croquetes frios, amanhecidos). Imagino que, até o fim da viagem, eu devorava algumas dúzias, sob as advertências dos mais velhos de que aquilo não iria me fazer bem, porque eram fritura. Mas o fato é que nunca me incomodaram e, até hoje, como pastéis e croquetes imoderadamente (agora sem trem mas com chopp, talvez porque, acima de tudo, tenham o delicioso sabor de férias e transgressão). 30 dias depois, a viagem de volta era igualmente prazerosa, então com as lembranças de futebol de rua e namoricos na praça.
Fernando Pacheco Jordão (1937 – 2017) faleceu em São Paulo aos 80 anos. Atuou no jornalismo desde 1957, quando iniciou sua carreira na antiga Rádio Nacional, em São Paulo. Posteriormente, trabalhou como repórter, redator e editor de diversos veículos, como O Estado de S. Paulo, TV Excelsior, BBC de Londres, TV Globo, TV Cultura de São Paulo, revistas IstoÉ e Veja. Como consultor e assessor político atuou nas campanhas dos governadores Mário Covas e Geraldo Alckmin. Dirigente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na época do assassinato de Vladimir Herzog, Fernando escreveu o livro “Dossiê Herzog – Prisão, Tortura e Morte no Brasil”, que já está na sétima edição e constitui documento fundamental para a História do Brasil. Foi sócio-diretor da FPJ – Fato, Pesquisa e Jornalismo. Hoje é patrono do “Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão”, realizado pelo Instituto Vladimir Herzog desde 2009 e que já está em sua 13ª edição.