Bordados de Parísina Ribeiro: Cena mineira e Chica da Silva

Parísina Éris Ilíade Tameirão Ribeiro mora em Diamantina – MG é professora de Artes da rede estadual de Minas Gerais. Já atuou na cadeia têxtil em Brusque – SC com as empresas Colcci, Buetner, entre outras. É licenciada e pós-graduada em Artes Visuais, bacharel e pós-graduada em Administração de Empresas-Gestão Humana.

No Atelier Parísina Ribeiro leciona bordado livre, e desenvolve produtos artesanais em bordados, pinturas, crochê e acessórios de ATS bellydance.

Participa do cenário nacional e internacional com exposições coletivas e individuais em Arte Naïf e Têxtil além de ser conselheira de cultura.

Sua grande paixão são os temas Patrimônio Material e Imaterial, Arte Popular em especial as mineiras e as catarinenses.

Contatos:
www.facebook.com/parisina.ribeiro
www.instagram.com/ribeiroparisina
parisinaribeiro@hotmail.com

Desejo de felicidade

Que de menina
– No ciclo da vida –
Virou mulher
E madura optou

Hoje segue na batalha
Por um lugar ao sol,
Em meio às adversidades
E ao preconceito reinante

Sem temor conseguirá,
Porque tem fé e luta
Como uma genuína
Garota de escorpião

Seu signo falará mais alto
E as portas se abrirão
Em sendo coerente com sua meta
De buscar a felicidade sempre

Forjando a armadura

Nego submeter-me ao medo,
Que tira a alegria de minha liberdade,
Que não me deixa arriscar nada,
Que me torna pequeno e mesquinho,
Que me amarra,
Que não me deixa ser direto e franco,
Que me persegue,
Que ocupa negativamente a minha imaginação,
Que sempre pinta visões sombrias.

No entanto, não quero levantar barricadas por medo do medo. Eu quero viver, não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por medo de ser sincero.
Quero pisar firme porque estou seguro.
E não porque encobri meu medo.
E quando me calo, quero fazê-lo por amor.
E não por temer as consequências de minhas palavras.
Não quero acreditar em algo só por medo de acreditar.
Não quero filosofar por medo de que algo possa atingir-me de perto.
Não quero dobrar-me só porque tenho medo de não ser amável.
Não quero impor algo aos outros, pelo medo de que possam impor algo a mim.
Por medo de errar não quero tornar-me inativo.
Não quero fugir de volta para o velho, o inaceitável, por medo de não me sentir seguro no novo.
Não quero fazer-me de importante porque tenho medo de que senão poderia ser ignorado. Por convicção e amor quero fazer o que faço e deixar de fazer o que deixo de fazer.
Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao amor.
E quero crer no reino que existe em mim.

Rudolf Steiner (Kraljevec, fronteira austro-húngara, 27 de fevereiro de 1861 — Dornach, Suíça, 30 de março de 1925)

Fotos do Instagram tiradas pela amiga Fernanda Fonseca, que enviou também pelo WhatsApp esse belo poema

O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda (Parral, Chile, 12 de julho de 1904 — Santiago, Chile, 23 de setembro de 1973)

Alex Cerveny: Nasca, 2010 – Bordados sobre linho

Alexandro Júlio de Oliveira Cerveny (São Paulo, São Paulo, 1963). Desenhista, gravador, escultor, ilustrador, pintor. Estuda desenho e pintura com Valdir Sarubbi (1939-2000) e gravura em metal com Selma Daffré (1951). No início da década de 1980, leciona gravura em metal no Paço das Artes, no Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP e nas Oficinas Culturais Oswald de Andrade, em São Paulo. A partir desse período produz desenhos e aquarelas de caráter predominantemente narrativo e que também apresentam referências autobiográficas, relacionadas a sua experiência anterior como artista circense. Trabalha como ilustrador em diversos livros, como “Vejam como eu sei escrever”, de José Paulo Paes (1926-1998) (Ática, 2001), e “Pindorama”, de Sandra Peres e Luiz Tatit (1951) (Cosac & Naify; Palavra Cantada, 2003), e também para o jornal Folha de S. Paulo. Seus livros mais importantes são “A origem das espécies”, Editora Ubu, “Banhei minha mãe”, com poemas do Beto Furquim, Editora Laranja Original, “Labirinto”, com poemas da Beatriz di Giorgi e “Decameron”, da Cosac no Brasil e da Libros del Zorro rojo na versão espanhola. Além disso tem seu próprio livro como escritor, “Todos os lugares”, recém lançado pela Editora Circuito.

Participa do ateliê Barro Blanco, onde produz trabalhos de cerâmica. Atua ainda em um projeto educacional da Fundação Vale do Rio Doce, ministra oficinas de cultura para professores em cidades do interior das regiões Norte e Nordeste. Sua produção como ilustrador é apresentada na mostra Desenhos de Ilustrações, realizada em 2005, na Estação Pinacoteca, em São Paulo.

Sobre as exposições, destacam-se “O glossário dos nomes próprios”, no Paço Imperial em 2011, e sua recente mostra na Triângulo, “Todos os lugares” (como o livro) e principalmente a coletiva “Nous les Arbres”, na Fundação Cartier ano passado. A fundação adquiriu três, das quatro pinturas expostas.

Análise

Alex Cerveny, desde os anos 1980, produz desenhos em que apresenta uma narrativa intimista. Inspira-se em imagens do cotidiano e em personagens extraídos da literatura e também do universo da cultura de massa. Sua obra é repleta de referências pessoais, como a sua vivência de artista circense, presente nas inúmeras figuras retorcidas e elásticas constantes em seus desenhos.

Como nota o crítico Marcelo Araújo, as imagens ingênuas provenientes de histórias em quadrinhos, misturadas a figuras de santos e anjos, encontram-se sempre em tensão com as sofisticadas texturas da aquarela e os elaborados elementos arquitetônicos que estruturam as composições.

Realiza ainda gravuras nas quais alude a um universo fantástico, em que se misturam personagens bíblicos ou mitológicos, crustáceos, torres e espaços circenses. Nelas predominam as inscrições e grafismos, associados ao trabalho cuidadoso com o claro-escuro, como na água-forte Mércúrio (1986). Entre suas obras mais recentes, encontram-se ainda esculturas de pequenas dimensões, trazendo para o tridimensional as figuras que até então povoavam sua produção gráfica.

Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural (https://enciclopedia.itaucultural.org.br), com atualizações do próprio artista

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