Crônica de Fernando Pacheco Jordão: Beyoncé

Manhã linda, céu azul sem nuvem alguma, o velho do AVC, como já era conhecido no prédio, desceu para tomar sol – pegar um bronzeado e fixar o cálcio, prevenir as mazelas da osteoporose. Quase uma hora depois, cabeça caída, queixo no peito, simulando alongamento de pescoço e nuca, na verdade cochilava. De repente acorda e, ainda de cabeça baixa, viu um colossal par de pernas morenas a dançar ao ritmo de uma batida pop. Subindo o olhar, percebeu um diáfano vestido vermelho, o mesmo do DVD que vira na véspera. Era Beyoncé se agitando à sua frente, mal podia acreditar – um delírio. Na própria sombra projetada à sua frente, reparou que havia uma nuvem de fumaça saindo do alto de sua cabeça. Deu-se conta então de que esquecera o boné; estava explicado o delírio. O sol muito forte a bater em sua cabeça fê-la verver como o radiador de um calhambeque subindo a serra. Tardiamente – a artista tinha ido embora já fazia tempo – registrou o episódio plagiando frase que vira grafitada num muro da avenida Sumaré: “Beyoncé, eu ontem sonhei com você. Se você quiser, eu sonho outra vez pra você ver “.

Fernando Pacheco Jordão (1937 – 2017) faleceu em São Paulo aos 80 anos. Atuou no jornalismo desde 1957, quando iniciou sua carreira na antiga Rádio Nacional, em São Paulo. Posteriormente, trabalhou como repórter, redator e editor de diversos veículos, como O Estado de S. Paulo, TV Excelsior, BBC de Londres, TV Globo, TV Cultura de São Paulo, revistas IstoÉ e Veja. Como consultor e assessor político atuou nas campanhas dos governadores Mário Covas e Geraldo Alckmin. Dirigente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na época do assassinato de Vladimir Herzog, Fernando escreveu o livro “Dossiê Herzog – Prisão, Tortura e Morte no Brasil”, que já está na sétima edição revista e ampliada e constitui documento fundamental para a História do Brasil. Foi sócio-diretor da FPJ – Fato, Pesquisa e Jornalismo. Hoje é patrono do “Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão”, realizado pelo Instituto Vladimir Herzog desde 2009 e que já está em sua 13ª edição.

João Paulo da Silva Fontenele: Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP)

João Paulo da Silva Fontenele

Nascido em 26/8/78 no Rio de Janeiro – RJ, João Paulo perdeu suas habilidades com os braços e locomotoras durante sua infância, quando foi vítima de uma encefalopatia crônica e coqueluche. Aos 10 anos de idade começou a pintar com o pé seguindo o conselho de sua psicóloga.”

Estilo de pintura: Com o pé
Técnica: Óleo

APBP Brasil
Arte
A APBP é parte de uma associação internacional de artistas que, devido à sua deficiência física, pintam belas obras de arte com a boca ou os pés.

Contatos:
APBP – Rua Tuim, 426 – Moema – São Paulo/ SP – CEP: 04514-101
(11) 5053-5100
apbp@apbp.com.br
https://apbp.com.br/home

Se reciclando

O escritor Erico Veríssimo dizia que se conhece bem o escritor pelo seu lixo, quanto mais cheio estivesse melhor seria o escritor.  Na época tinha que jogar fora o escrito, mesmo que ele usasse trechos de novo ele reescreveria, subentendendo que o texto ia sendo aprimorado. Hoje eu digo que me tornei uma versão melhorada de mim mesma todas as vezes que organizei a minha mente, não me importando quantas vezes tive que fazer isso. O importante é que me conheço a cada vez que escrevo algo novo.

Luiza Matosinho – Pedagoga formada pela PUC-SP em 2007 e professora na educação infantil da Faces Ensino Bilíngue.

Galvão Pretto: Comentário sobre “Cidade pandêmica – O trem da vida”

“Esta instalação começa no momento da crise pandêmica, pois com o isolamento, nas horas disponíveis em meio as tarefas de trabalho, e após perceber o longo tempo nessa situação mundial, começa a surgir uma preocupação com o ambiente social e o transcurso vulnerável da vida humana diante destes fatos adversos.

Nas encomendas por e-commerce, chegam as caixas de papelão com os diversos produtos solicitados. E também a construção dessa proposta com esculturas-objetos, se assim podemos dizer. Considerando a questão universal como um círculo, que nos liga mundialmente, em função das tecnologias, e a vida um movimento constante, “O trem da vida” faz o papel dessa ligação por diversas regiões mundiais que viajei no ano de 2019, ao circular nessa cidade.

Temos os prédios como seus moradores a olhar pelas janelas, a verem noticiais na TV, vemos os prédios da fábrica fechados pelo mundo afora, uma mesquita de Marrakech vazia também fechada, uma arquitetura do colonial portuguesa com suas janelas cerradas, o colonial brasileiro também isolado, a entrada do circo sem espetáculo, sendo o único lugar aberto numa confraternização da angustia, um boteco com seus músicos e um pagode rolando.”

Galvão Pretto

Cidade pandêmica – O trem da vida
Papelão de caixa de e-commerce. Cola de silicone, cola de PVA, papel de embrulho, policromada com tinta acrílica em base branca. Trem elétrico movido a bateria
Campo Grande – MS

Artista indicado para o blog por Gejo, O Maldito, que comenta que esse artista foi o responsável pela sua ida e entrada no Mato Grosso do Sul, onde desenvolveu uma carreira.

Museu Imperial e a tragédia em Petrópolis

“Muita gente tem me procurado para saber se as fortes chuvas que caíram sobre Petrópolis abalaram o museu e destruíram o acervo. O patrimônio histórico é muito importante, e não tiro o mérito da preocupação de ninguém quanto a isso. Pelo contrário, que bom que o brasileiro está se preocupando com a sua história e a materialidade dela. Mas, se o prédio do Museu Imperial e seu acervo estão bem, não podemos dizer o mesmo a respeito das pessoas que fazem ele funcionar, das que limpam, conservam, abrem, atendem, trabalham na administração e em outros postos. Muitos funcionários perderam, além de suas casas e tudo que havia nelas, os seus bem mais preciosos: os seus familiares.

Pensando nessas pessoas que fazem o Museu, fonte principal de muitas das minhas obras, eu, com apoio e colaboração da minha editora, a LeYa Brasil, resolvemos ajudá-las, e vocês também poderão colaborar. Eu vou vender, autografados, ao custo de R$ 30,00, com frete grátis para todo o Brasil, 20 exemplares de cada um dos seguintes livros: D. Pedro, D. Pedro II, D. Leopoldina, Titília e o Demonão, Os últimos czares, Mulheres do Brasil, O pássaro de fogo e Princesinhas e Principezinhos do Brasil. Todo o valor adquirido será revertido para os funcionários do Museu Imperial que sofreram perdas com as chuvas de 15 de fevereiro.

Os interessados em adquirir e dessa forma ajudar esses funcionários devem entrem em contato pelo e-mail canalpaulorezzutti@gmail.com, informando qual(is) livro(s) desejam e para quem deve(m) ser dedicada(s) a(s) obra(s), bem como o endereço de envio.

Agradecemos a todos que puderem ajudar.”

Paulo Rezzutti, escritor, biógrafo e pesquisador, tem compartilhado sua experiência no Museu Imperial.

Museu Imperial
Direção: Maurício Vicente Ferreira Júnior
Coordenação Técnica: Claudia Maria Souza Costa
Coordenação Administrativa: Isabela Neves de Souza Carreiro
Rua da Imperatriz, 220 – Centro, Petrópolis – RJ, CEP: 25610-320
Telefone: (24) 2233-0300
mimp.faleconosco@museus.gov.br

Alex Cerveny: Trabalhos recentes e agenda próxima

O artista me escreveu hoje pelo WhatsApp: “Olá Matosinho! Aqui tudo bem, muito trabalho, anota aí: dia 12 de março começa a Bienal de Sydney, participo com duas telas inéditas que falam sobre a água e sobre o aquífero Guarani. No fim de maio eu participo de uma coletiva da fundação Cartier em Milão, junto com a Triennalle [Museu localizado no Parco Sempione, Milão]. (…) Abraço grande”

Alex Cerveny

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Alexandre Filho: Serigrafia e A tela dos anjos

Manoel Alexandre Filho nasceu na cidade de Bananeiras – PB em 11 de julho de 1932, onde trabalhou na lavoura junto a seu pai até os 17 anos, mas desenha desde criança. A cidade interiorana é um elemento que se transcende em suas obras, marcadas por elementos característicos do campo de onde veio, com muitos animais, plantas e os famosos cajus, típicos da região.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1964, quando começou a pintar autodidaticamente. Em 1966 participou do XV Salão Nacional de Arte Moderna, do Rio de Janeiro, e a partir daí seus quadros passaram a ser difundidos e colecionados em todo o mundo. Alcançando sucesso internacional, expôs em grandes cidades como Madri, Paris, Bruxelas, Londres, Los Angeles, Berlim, Dallas, Lisboa, Cidade do México, Nice, Abuja, Nápoles e Montevidéu.

Sua obra foi inovadora para seu tempo. Alexandre filho foi um dos percursores do estilo naïf no Brasil, o primeiro a pintar dessa maneira e em pouco tempo foram surgindo outros artistas com o trabalho parecido com o seu. A arte naïf, também conhecida como arte primitiva contemporânea, é uma vertente livre de convenções, o artista não tem a obrigação de seguir regras ou técnicas estabelecidas para a pintura.

O nome e a biografia de Alexandre Filho são citados em 21 livros que versam sobre as artes plásticas no Brasil e no mundo, a exemplo do Dicionário de artes plásticas do Brasil– Roberto Pontual (Ed. Civilização Brasileira), Aspectos da pintura primitiva brasileira, de Flávio de Aquino e Geraldo de Andrade (Ed. Spalla – RJ), Dicionário de pinturas naïfs do mundo (Anatole Jakvsk – Suíça), Mito e magia das cores – Pintura neo primitiva (Napoli/ Itália), Dicionário de artes plásticas do Brasil (José Roberto Teixeira Leite) e Superstock fine art catalog – da Flórida, Estados Unidos – catálogo com grandes artistas mundiais, como Leonardo da Vinci e Boticelli. Alexandre Filho é o único representante brasileiro citado no livro com sua obra intitulada “Lúcifer”.

Contatos:
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Ney Tecidio: Friburgo e A dança das flores

Ney Tecidio

“Quando se fala em impressionismo nos vêm logo à memória o nome do grande mestre Ney Tecidio, ele nasceu na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1929, foi discípulo de Rodolfo Chambelland e Mário Machado Portella, e membro da Academia Brasileira de Belas artes, sua determinação aliada ao comprometimento é amor à arte de pintar somados à sua intimidade com as cores, pincéis e espátulas lhe renderam uma brilhante carreira da qual colheu diversas medalhas de prata, ouro e bronze, além de prêmios de viagem ao Brasil e exterior, durante sua carreira que permanece com o mesmo fervor, realizou diversas mostras individuais no Brasil e no exterior além de dezenas de participações em salões e mostra a coletivas. Seu trabalho figura em coleções particulares no Brasil e no exterior a saber: França, Estados Unidos, Rússia, Canadá, Alemanha, Suissa, Espanha, Portugal, Israel, Japão, Bélgica, Austrália, Inglaterra, Itália, Polônia, Argentina e Peru. O Banco do Brasil possui em seu acervo diversas obras do artista, que foram distribuídas em agências e superintendências do banco no exterior a sabe: Antofagasta – Chile, Atlanta – USA, Cento- Washington USA, Dakar – Senegal, Europa – Luxemburgo, Houston – USA, Libreville – Gabão, Londres – Inglaterra, Miami – USA, Paris – França, Valência – Espanha. Vários críticos discorreram sobre a obra, o talento e carreira de Ney Tecidio, destacou aqui três deles.”

João Medeiros – Artista plástico, escritor e crítico de arte

“A cor em liberdade, Ney Tecidio expõe em sua pintura uma ciência estragada da floração impressionista. As paisagens comparecem com um mosaico exuberante de cores, mas sem a fragmentação que caracterizava a escola no seu período fundamental, na sua busca de esplendor solar. Em nosso pintor as cores exercem uma liberdade que as converte, não raro, em .manchas valendo por si mesmas, sem uma preocupação mais rigorosa de fidelidade, às formas da natureza. Podemos falar de um discreto tachismo que nos estudos atinge uma pureza admirável. É como se o branco, o amarelo, o laranja ao mesmo tempo revelassem flores (o tema) e existissem por si mesmos, numa alegre rebeldia anti- fotográfica (o quadro).”

José Paulo Moreira da Fonseca – Artista plástico, poeta, ensaísta e diplomata brasileiro

“No uso da espátula, desde que vimos observando o múltiplo fenômeno do ofício de pintor, a presença de Ney Tecidio é exemplar e destacada… Em seu processo artesanal a espátula é quase exclusiva. Mostra-se jovem e agressiva, revela aquela natureza de moldagem que aproximara o gesto e o ímpeto mais da intenção escultórica do que da pintura. O gesto espontâneo e rápido manejo da espátula como uma espada, cortando o espaço, sugerindo formas, lançando a matéria e automaticamente controlando os seus excessos quase que como desenhando…”

Walmir Ayala – Escritor, poeta, ensaísta e crítico de arte

Contatos:
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www.instagram.com/neytecidio
ntecidio@gmail.com

Para informações sobre o artista, carreira e obras: Luiz Carlos da Costa Paula (costapaulaartes@gmail.com e WhatsApp (21) 9 9140-9641).

Luiz Tananduba: Nossa Senhora de Fátima e Sítio Vale Verde

Luiz Tananduba nasceu em 12 de agosto de 1972 na cidade de Caiçara, interior da Paraíba. Começou a pintar em 1985, com orientação do artista plástico Alexandre Filho, seu pai adotivo, com quem desenvolveu uma pintura de forte expressividade, estruturando uma temática com expressão para o homem do campo.

Ele é um grande exemplo de arte intrínseca. Seu dom corre em suas veias; e sua forma, de ver e narrar o mundo, transborda os limites de suas telas. Sua longínqua carreira teve início quando ele ainda era uma criança. Aos dez anos já tinha a vontade, aos quinze teve a certeza. Com dezoito anos, a primeira exposição: “Paixão de Cristo em outdoor”, que movimentou o Parque Sólon de Lucena no início dos anos 90. Premiado, o artista plástico de 50 anos acumula prêmios e exposições. Desde 1985 assina as suas obras, sendo o ano de 1991 o início de sua coroação, pois no mesmo ano, veio o seu primeiro salão e consequentemente o seu primeiro prêmio – ambos na quinta edição do SAMAP (Salão Municipal de Artes Plásticas). No ano seguinte, no mesmo evento, uma bancada com grandes nomes das artes plásticas brasileiras (Heitor Reis, Chico Liberato e Raul Córdula, por exemplo), o premiou com o título de artista do ano, em 1992. Integrante de cinquenta e duas exposições coletivas, também foi premiado na Bienal de Pequenos Formatos do SESC, em 2010. Além disso, foi escolhido para ilustrar a capa do livro “Tribulaciones de una hormiga” (2013), da autora argentina Maria Isabel Saavedra.

Seu nome e sua obra serviram de fonte e inspiração para o livro “Arte popular brasileira” (2009), o resultado de uma parceria entre Editora Decor e o Ministério da Cultura. Outra edição do livro está prevista para ser lançada no próximo ano. Dar as informações, os dados da carreira etc. são uma parte da ação. Compreender a profundidade do trabalho de Luiz Tananduba vai muito mais a fundo, pois, a Arte naïf, a qual emprega, traz alma e vida em cores e traços. Sua essência está ali, bem aos nossos olhos. A simbologia de cada quadro e sua representação semiótica vão diretamente ao choque, da vida e do verdadeiro eu. Sua forma de ver e narrar o mundo, encantam. Esse é Tananduba, um poeta nas palavras e um gênio na pintura.

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