Imagem perdida de mulher

Cadê meu amor? Amarelo.
Distrito de número par
De meu coração
Regrado, desregrado.
Um amor, de repente! Uno
Como um cálculo, de conta,
De pedra, empedrado no peito.
Azulejado, lapidado, riscado
Ou desenhado de sangue.
Cadê? Bateu asas, voou.
Foi-se. E o que ficou?
Sua cor colorida, seu cheiro.
Gosto seu, como almíscar.
Movimento, jeito de corpo.
Gesto de mulher com a flor.
Cor, cheiro, magnólia.
Carmim, sua boca; ondulado,
Seu cabelo: longo, cobrindo
Em suas costas o arquipélago
De sardas marrons e pretas.
Seus seios redondos como pêras,
Seu ventre maduro como fruta.
Tudo isso eu vi, mas cadê?
Foi-se como a brisa da manhã.
Perdeu-se como um barco no mar.
Ou como no dizer do navegante:
_ Me deixou a ver navios.
Todo mundo dorme, mas só eu
Sonho com você, na tardinha
Do sítio, onde repouso do trabalho
Que foi te construir nesses versos.

Autor: ematosinho

Eduardo Matosinho é economista e sociólogo com bacharelado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem 60 anos e é casado com Luiza Maria da Silva Matosinho e com ela tem um filho de nome João Alexandre da Silva Matosinho. Trabalha atualmente na Galeria Pontes (https://www.galeriapontes.com.br/), onde já está há 17 anos.

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