O Estrangeiro (Trecho da primeira parte)

Hoje, a mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo:
“Sua mãe falecida: Enterro amanhã. Sentidos pêsames”.
Isto não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem.
O asilo de velhos fica em Marengo, a oitenta quilômetros de Argel.
Tomo o autocarro das duas horas e chego lá à tarde.
Assim, posso passar a noite a velar e estou de volta amanhã à noite.
Pedi dois dias de folga ao meu chefe e, com um pretexto destes, ele não me podia recusar. Mas não estava com um ar lá muito satisfeito.
Cheguei mesmo a dizer-lhe “A culpa não é minha”. Não respondeu.
Pensei então que não devia ter dito estas palavras.
A verdade: é que eu não tinha que me desculpar: Ele é que tinha de me dar pêsames. Mas com certeza o fará, depois de amanhã, quando me vir de luto. Por agora é um pouco como se a mãe não tivesse morrido. Depois do enterro, pelo contrário, será um caso arrumado e tudo passará a revestir-se de um ar mais oficial.
Tomei o autocarro às duas horas. Estava calor. Como de costume, almocei no restaurante do Celeste. Estavam todos com muita pena de mim, e o Celeste disse-me “Mãe, há só uma”.
Quando saí, acompanharam-me à porta. Estava um pouco atordoado e tive que ir à casa do Manuel para lhe pedir emprestados um fumo e uma gravata preta. O Manuel perdeu o tio, há meia dúzia de meses.
Tive que correr para não perder o autocarro. Esta pressa, esta correria, e talvez também os solavancos, o cheiro da gasolina, a luminosidade da estrada e do céu, tudo isto contribuiu para que eu adormecesse no caminho. Dormi quase todo o tempo. E quando acordei, estava apertado de encontro a um soldado, que me sorriu e me perguntou se eu vinha de longe.
Disse que sim, para não ter que voltar a falar.

Albert Camus (Mondovi, Argélia, 7 de novembro de 1913 – Villeblevin, França, 4 de janeiro de 1960), In “O Estrangeiro”, Tradução de Antônio Quadros, 1942

Projeto de Leonardo Almeida: “Amigos de Vinilsom”, venham conhecer!

Brinquedo pedagógico lúdico para adultos e crianças com o objetivo de estimular a criatividade, as habilidades motoras e auxiliar na pausa das telas eletrônicas.

Todas as peças são feitas com papel 100% reciclável, aprovados por pedagogos e psicólogos. Além de sustentável, o design e toda matéria prima do projeto é 100% nacional.

Leonardo Almeida – Designer e diretor de arte: Fundador da L2A Design. Formado em Desenho Industrial com habilitação em Programação Visual, atuando nas áreas de Direção de Arte, UX Design, UI Design, Design de Marcas, Fotografia, Ilustração e Design Gráfico.

Contatos:
leonardo@l2adesign.com.br
WhatsApp: (11) 9 9885-9001
www.l2adesign.com.br

Aconteceu a 1ª edição da Feira de Artes Gráficas do Museu Afro Brasil – MAB-Margens

A 1ª edição da Feira de Artes Gráficas do Museu Afro Brasil (MAB-Margens) apresentou prints, toy arts, gravuras, stickers, stencils, bordados, serigrafias, entre outros formatos de artes gráficas.

Confira a programação:

  • DJ Birão (afrobeat, samba, rap e grooves).💃🏿🕺🏿
  • Drinks artesanais do bar Itinerante Coscobela.🍹 -Tabuleiro Baiano com acarajé, abará, bolinho de estudante, queijada e cocada.😋
  • Oficina de estamparia com o coletivo JAMAC. 🎨

Participaram desta edição:
@danirampe @azizaeditora @binarioarmada @cordelurbano @_danirampe @difavela_arte @gejoomaldito @gstnsc @guinhonascimento @helorodrigues.arte @jardim.miriam.arte.clube @kalimera.atelie @lunabastos @lunadycortes.oficial @may.solimar @n_cmaman @pontoemverso @ramonsantosxilo @ron1son @silassn

O artista Gejo, O Maldito deu essa dica para o blog, envia 2 obras suas (imagens acima) e comenta: “É uma feira de artes gráficas criada pelos colaboradores do Museu Afro Brasil que convidou coletivos e artistas independentes que produzem gravuras, lambe lambe, xilogravuras, stickers, na sua grande maioria mulheres, pret@s e nativ@s. Geradores de renda em sistema de economia circular criativa . Umas das ações artísticos sociais mais importantes iniciada em um espaço não comumente aberta para artistas periféricos e fora da economia oficial da arte.