Hedva Megged: para você apreciar

“Para você amiga, cliente amante das artes… Convido a apreciar meu trabalho neste ano, série “Espelhos urbanos” – Coleção Av. Paulista 2020 e Av. Atlântica – Rio 2020. Encontra-se permanentemente em SP peças exclusivas:

  • Loja Debora Quer – Horário de atendimento é de segunda à sexta feira das 11 às 17h e aos sábados das 11 às 15h. Caso alguém precise ser atendido fora desse horário , podemos agendar pelo (11) 9 9987-3705.
    Rua Haddock Lobo, 937 – Jardins – Instagram: @deboraqueroficial, (11) 3086-3466.
  • Loja Maestria D´arte Presentes.
    Rua Desembargador do Vale, 229 – Perdizes, telefones (11) 3675-7508, (11) 3675-7506.

Encontra-se lá – estolas, echarpes e blusas pintados na técnica francesa serti sobre seda e casacos dupla-face de poliéster traquinado e tingido + algodão tingido.”

Hedva Megged

Nascida em Israel, pós-graduada pela Escola de Belas-artes em Tel-Aviv. Aperfeiçoou seus estudos com o artista e mestre David Alfaro Siqueiros trabalhando nos seus murais no México. Realizou inúmeras exposições individuais e participou de outras tantas coletivas; Alcançou vários prêmios e foi notificada em muitas publicações. Vive no Brasil desde 1972 atuando nas manifestações e suportes das artes visuais e atualmente – desde 1990 – está engajada no movimento “Vestir-se com arte”.

Contatos:
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hmegged@gmail.com

Milagres

Ora, quem acha que um milagre é alguma coisa de especial?
Por mim, de nada sei que não sejam milagres:
ou ande eu pelas ruas de Manhattan,
ou erga a vista sobre os telhados
na direcção do céu,
ou pise com os pés descalços
bem na franja das águas pela praia,
ou fale durante o dia com uma pessoa a quem amo,
ou vá de noite para a cama com uma pessoa a quem amo,
ou à mesa tome assento para jantar com os outros,
ou olhe os desconhecidos na carruagem
de frente para mim,
ou siga as abelhas atarefadas
junto à colmeia antes do meio-dia de verão
ou animais pastando na campina
ou passarinhos ou a maravilha dos insectos no ar,
ou a maravilha de um pôr-de-sol
ou das estrelas cintilando tão quietas e brilhantes,
ou o estranho contorno delicado e leve
da lua nova na primavera,
essas e outras coisas, uma e todas
— para mim são milagres,
umas ligadas às outras
ainda que cada uma bem distinta
e no seu próprio lugar.

Cada momento de luz ou de treva
é para mim um milagre,
milagre cada polegada cúbica de espaço,
cada metro quadrado da superfície da terra
por milagre se estende, cada pé
do interior está apinhado de milagres.

O mar é para mim um milagre sem fim:
os peixes nadando, as pedras,
o movimento das ondas,
os navios que vão com homens dentro
— existirão milagres mais estranhos?

Walt Whitman (Huntington, Virgínia Ocidental, 31 de maio de 1819 – Camden, Nova Jérsei, 26 de março de 1892), in “Leaves of Grass”

Rogéria Ribeiro do Amaral: Bonecas e bonecos

“Sou Rogéria Ribeiro do Amaral, me intitulo artesã, artista e arteira, não possuo formação Acadêmica… tudo que faço aprendi e desenvolvi sozinha mas tenho uma grande vantagem: desenho desde pequena… e olha que isso tem tempo… rsrs!! Há trinta anos pinto quadros e lindas almofadas que são meu carro chefe. Desenvolvi estes bonequinhos que são os meus xodós… trabalhosos mas, são o máximo, eles têm por volta de 30 a 40 cm… são desenhados em malha branca de algodão e depois pintados… depois de costurados a mão recebem enchimentos  e, são repintados… assim nascem grandes escritores , artistas de cinema , grandes mestres da pintura entre outros, que povoam meu imaginário. Amo o que faço e, todos os meus trabalhos tem um pouquinho de minha alma e amor.❤ “

Rogéria Ribeiro do Amaral

Legenda das fotos: Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral e o movimento Antropofágico;  Frida Kahlo fire tea e Jorge Amado e sua máquina de escrever na sua casa do Rio Vermelho.

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Cartão postal

Domingo no jardim público pensativo.
Consciências corando ao sol nos bancos,
bebês arquivados em carrinhos alemães
esperam pacientemente o dia em que poderão ler o Guarani.
Passam braços e seios com um jeitão
que se Lenine visse não fazia o Soviete.
Marinheiros americanos bêbedos
fazem pipi na estátua de Barroso,
portugueses de bigode e corrente de relógio
abocanham mulatas.
O sol afunda-se no ocaso
como a cabeça daquela menina sardenta,
na almofada de ramagens bordadas por Dona Cocota Pereira.

Rio, 1924.

Murilo Mendes (Juiz de Fora, MG, 13 de maio de 1901 — Lisboa, Portugal, 13 de agosto de 1975)

O imperador do sorvete

Chama o enrolador de charutos,
O musculoso, e pede que ele bata
Em xícaras caseiras cremes lúbricos.
Que as raparigas vistam as roupas
Que é seu costume usar, e os rapazes
Tragam flores no jornal do mês passado.
Que parecer termine em ser somente.
O único imperador é o imperador do sorvete.

Pega no armário de pinho,
Com os puxadores de vidro quebrados,
O lençol que ela bordou com pombas
E cobre todo o corpo dela, até o rosto.
Se um pé ossudo aparecer, verão
Que fria e dura que ela está.
Que fixe a lâmpada seu feixe quente.
O único imperador é o imperador do sorvete.

Wallace Stevens (Reading, Pensilvânia, 2 de outubro de 1879 — Hartford, Connecticut, 2 de agosto de 1955)

Autorretrato

A guerra dos cinqüenta
Está sendo travada no meu rosto
Reconheces o primitivo traçado?
Forças de ocupação abrem trincheiras, armam emboscadas.
Facções antagônicas avançam sobre a tua face,
Bloqueiam suas artérias,
Praticam pequenos furtos:
Molar, miopia, pai, memória.
Há anos bombardeiam
Feridas mal curadas,
Desembarcam camufladas
Nas praias minadas do sonho.
O combate se desenrola diante dos teus olhos.
Na vala comum do espelho resta uma sensação incômoda:
A vida é colaboracionista.

Augusto Massi (São Paulo, 1959) é um poeta, professor universitário e editor brasileiro.

Poema enviado pela amiga Maria Isabel Pellegrini Vergueiro