Quem vive ali: Microcontos cotidianos de Bubu Bopp

APARTAMENTO 40

Ela gosta desse horário do dia, porque é quando o sol consegue driblar o prédio da frente e invadir o seu apartamento. Ele atravessa a janela e clareia tudo: o vaso com as flores que comprou na feira, o chão de tacos pelo qual seu apaixonou, os quadros que ainda precisa pendurar na parede.

Senta, fecha os olhos e deixa a luz esquentar seu rosto. Puxa o ar com força e solta devagar. Faz isso algumas vezes. Sente o rosto formigar. Canta baixinho uma música que está na cabeça desde ontem à noite. Abre os olhos e, sem precisar levantar, alcança na mesa uma mexerica na fruteira. Começa a descascá-la.

O cheiro da fruta tem gosto de infância. Pega um gomo e sente o sabor se esparramar pela boca. É como se estivesse de novo na rua, correndo, sem medo. Quer aproveitar o que resta do dia antes que a mãe a chame para o jantar. Quase consegue ouvir a sua respiração de menina, o barulho dos vizinhos, a poeira que sobe do asfalto quente.

Poucas pessoas têm o dom de imaginar. Sorri. Fica feliz com a visita daquela Mariana, que apareceu para lembrá-la que ela sempre soube enxergar coisas bonitas nas situações mais simples da vida. É daí que vem a sua força. O sol volta a se esconder atrás do prédio vizinho, mas ela já não precisa dele para entender o tamanho da sua luz.

Levanta e caminha até a estante da sala. Pega um dos livros que deixou para trás nesses tantos dias de quarentena. Quem sabe hoje seja o dia para retomar aquela história, na companhia agridoce daquele fim de tarde cheirando a fruta cítrica.

Bubu Bopp

“Aiai, a Bopp que faltava.
Dos 3, Bubu sempre foi a mais social e a menos rede. Incentivadora feroz de todos nossos textos e iluminando ideias com um “e se você…”, Bubu agora tem um projeto autoral. @quemviveali são microcontos lindos e delicados sobre dias de distanciamento e de abrir janelas internas. Os afetos dela se reconhecem nas linhas e entrelinhas. Sigam lá ❤️”

Bettina Bopp

Leia mais: www.instagram.com/quemviveali

Carlos João dos Santos: O músico multi instrumentista e compositor Hermeto Pascoal e Flor

“Meu nome é Carlos João dos Santos. Nasci em Arapiraca – AL. No ano de 1986 fui criado no povoado Taboca, bairro da cidade de Feira Grande, de família humilde desde criança, aproximadamente no ano de 1992, comecei a observar meu avô fazendo telhas e panelas de barro, e foi despertada a curiosidade e comecei com o barro a fazer bonequinhos, carrinhos, panelinha para brincar, e isso era uma forma de ter os brinquedos de brincar, como na época era uma necessidade, não tinha condições de comprar. Com uns oito anos comecei fazer meus desenhos no chão em folhas de papel em palma – planta típica do Nordeste – , e cada vez que eu fazia mais gostava e fui me aperfeiçoando e criando cada vez mais na adolescência na escola, sempre meus amigos me procuravam para fazer trabalhos de artes, como alguns cartazes, desenhos e maquetes. Com 22 anos trabalhei em uma empresa de construção civil, e sempre na hora do almoço aproveitava o momento e fazia esculturas ou casinha de tijolos com materiais que eram descartados pela a empresa, casei com 24 anos e comecei a residir em Lagoa da Canoa – AL, e desde então venho fazendo minhas artes cada vez mais, e sempre que posso participo de feiras e exposições.”

Carlos João dos Santos

Contatos:
www.instagram.com/carlosjoaodossantos4
WhatsApp: (82) 9 9950-4303

O novo site da Galeria Pontes está no ar!

Nesse dia 5 de dezembro entrou no ar o novo site da Galeria Pontes (www.galeriapontes.com.br) totalmente remodelado e modernizado. Entre para conferir e veja as novidades! A Galeria Pontes, inaugurada em setembro de 2008, fica em São Paulo e desde 2011 funciona online, através de seu site.

Boa navegação!

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Tudo o que você me der é seu – Prosas de mulheres na arte popular

Abertura da exposição: 5/12 – Das 11 – 17h

“O Novos Para Nós e a Central Galeria convidam a todos para a abertura da exposição “Tudo o que você me der é seu – Prosas de mulheres na arte popular”. A mostra contará com obras de quatro artistas brasileiras de diferentes origens, gerações e repertórios: Efigênia Rolim, Lira Marques, Nilda Neves e Rosana Pereira. Para agendar sua visita, acesse o link que estará disponível a partir desta segunda no perfil da @centralgaleria.

Serviço: Tudo o que você me der é seu – prosas de mulheres na arte popular. Central Galeria: Rua Bento Freitas, 306 – São Paulo-SP. De 5/12/2020 a 30/01/2021. Abertura 5/12 – Das 11-17h. Uso obrigatório de máscara e prática dos protocolos de segurança.”

Em tempo: “Últimos horários – Visita guiada neste sábado (23/01), 11-17h. Agendamentos no link do perfil da @centralgaleria (https://www.centralgaleria.com/instagram-bio).

Efigênia Rolim (1931), natural de Abre Campo (MG), iniciou sua produção artística em Curitiba (PR). Conhecida como “Rainha do Papel de Bala” há mais de 30 anos, um fato mudou toda a sua história: andava pela rua quando viu um objeto brilhante no chão. Surpresa, se abaixou para pegá-lo; era “apenas” um papel de bala. Pensou nas relações que estabelecemos com pessoas e concluiu que, enquanto o papel tivesse uma função embrulhando o doce, despertaria interesse por parte de alguém. Chamou-o, então, de “mísero caído”. Começou a recolher todos os que via pela frente, pensando: “Se conseguir um por dia, no final do ano tenho 365” – enquanto as pessoas só a chamavam de louca. “Ninguém achou que eu fosse vingar.”

Os papéis invadiram suas vestimentas e, juntamente com outros materiais considerados “lixo”, são matérias-primas das esculturas, compondo também apresentações e poemas. “As pessoas ficam impressionadas com o trabalho que tenho para fazer minhas peças, mas não há nada que eu goste mais do que isso. É preciso de imaginação e querer fazer.” Marcados pelo processo de acúmulo, destruição, construção, ressignificação e bricolagem, seus trabalhos apresentam narrativas oniscientes inspiradas em contos de fada. Seus personagens e histórias transitam entre o real e o extraordinário, frequentemente manipulados com o recurso pedagógico da repetição. Apresentamos a inédita série Natureza racional, justificada pela artista com: “Cansei de falar com os homens, agora vou falar com os animais”. Autointitulada Guardiã do Mundo, com a voz no presente e seu eco no futuro, Efigênia nos provoca a respeito da sustentabilidade e das próximas etapas da humanidade ao interferir no tamanho real dos homens e bichos, propondo novas dimensões e relações entre eles.”

Renan Quevedo

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Marcos Vidinha: Marcas do tempo (Marks of time) e Berço das estrelas (Cradle of the stars)

Marcos Antonio Moreira Vidinha nasceu em 1953 no Rio de Janeiro–RJ e atualmente mora em Santos–SP. Sua formação escolar é de Engenheiro (aposentado) e de Pintor Artístico. Dedica-se à leitura de livros e publicações especializadas em pintura artística e à assistir vídeoaulas de pintura artística no YouTube.

“Desde criança desejava pintar, mas só iniciei em 2010 (aos 57 anos). Minha preferência é por tinta acrílica e pincéis, mas utilizo também, tinta a óleo e espátula. Estudei pintura através de livros, publicações especializadas e vídeoaulas no YouTube. Optei por não desenvolver estilo único (próprio), para ter liberdade de criar e pintar, diversificando, sem limite rígido de regras. Admiro as obras de vários pintores geniais, como, Van Gogh, Renoir e Leonid Afremov, mas acredito não sofrer influencia deles. São minhas fontes de inspiração: imaginação e a criatividade sobre a realidade.

Busco expressar pensamentos e sentimentos, me desafiando a despertar curiosidade e reflexão no observador. Para mim, criar e pintar são atos emocionais, com momentos de tranquilidade (poucos), e muitos, de inquietação e insegurança.

Registro minhas obras através de fotos e do RAP – Registro Artístico da Pintura (espécie de “Certidão de Nascimento e Identidade” de cada pintura). Meu desejo, através da pintura, é deixar minha lembrança registrada, para esposa, filha, neta e futuros descendentes, quando eu deixar de viver nesse planeta azul. Meu sonho utópico é ter uma pintura no acervo de um museu (nacional ou internacional).”

Marcos Antonio Moreira Vidinha

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mamv1953@gmail.com
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Cobra Norato (fragmento)

XXXII

— E agora, compadre,
eu vou de volta pro Sem-Fim.

Vou lá para as terras altas,
onde a serra se amontoa,
onde correm os rios de águas claras
em matos de molungu.

Quero levar minha noiva.
Quero estarzinho com ela
numa casa de morar,
com porta azul piquininha
pintada a lápis de cor.

Quero sentir a quentura
do seu corpo de vaivém.
Querzinho de ficar junto
quando a gente quer bem, bem;

Ficar à sombra do mato
ouvir a jurucutu,
águas que passam cantando
pra gente se espreguiçar,

E quando estivermos à espera
que a noite volte outra vez
eu hei de contar histórias
(histórias de não-dizer-nada)
escrever nomes na areia
pro vento brincar de apagar.

Raul Bopp (Vila Pinhal, atual Itaara – RS, 4 de agosto de 1898 — Rio de Janeiro – RJ, 2 de junho de 1984)

“Cartas da alteridade”, de Edney Cielici Dias

CURSO E MONTA

o Rio da Prata, um dia conheci Paraná
curso de uma vida e de mim mesmo
quase a desembocar no Atlântico
parecem dois oceanos, duas anulações
curso em que agora refaço a soma
esperança de me dissipar no imenso

Edney Cielici Dias – Cartas da alteridade

“Com satisfação registro o recebimento, na bela edição Demônio Negro, de seu livro. Desde o início da leitura, constatei a maestria estilística dos poemas, a variedade temática, a originalidade das imagens, tudo, enfim, que aponta, de fato, para a escrita como carta de alteridade – em particular nos textos que integram a derradeira parte da obra.”

Profº. Antônio Carlos Secchin, titular da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Letras, um dos maiores especialistas em poesia do Brasil.

Sobre autor

Edney Cielici Dias, poeta devotado ao ofício da palavra, é doutor em ciência política, economista, jornalista e editor.

Selo Demônio Negro
R$ 50,00

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