Memórias e invencionices
I
As mil e uma noites me inspiram a escrever
As mil noites e uma noite de estórias
As noites passadas em claro
As boas noites de sono
Todas se completam em uma noite apenas
II
Criei um objeto inusitado, tipo ready-made
Composto de uma caixa de sabonete “Granado”
Com um plástico caindo por baixo
Sobre um fundo de papelão
Lembra uma água caindo do sabonete, como um banho
III
Em minha parede coloquei um crucifixo (promessa de meu pai)
Entre meus dois diplomas universitários
À esquerda o de Ciências Econômicas e à direita o de Ciências Sociais
Pendurei um terço no crucifixo e sempre penso no esforço que fiz para conseguí-los
IV
Meu computador tem sido um problema para mim
Quando mais quero usá-lo mais ele não funciona
Mas sou persistente e insisto no uso
Uma hora consigo sucesso, como hoje e sai alguma coisa
V
Hoje trabalhei bastante, tinha tudo planejado
(Mesmo não conseguindo abrir o arquivo do roteiro)
lapidei o “Anote” e atualizei meu curriculum
Segunda retomo tudo, pensando no GLP
Tenho que ter fé de que tudo vai continuar …
VI
Amanhã irei com minha cunhada ao sítio da Edna
A Luiza terá que trabalhar e depois irá a outro churrasco
No sítio teremos uma Festa Junina
Há muito que não vou lá …
Estou mesmo precisando sair um pouco e respirar
O ar puro do interior e do mato
VII
De Portugal herdei o sobrenome e o gosto pela boa comida
Do interior o gosto pelas coisas simples
De São Paulo, capital, tenho a pujança e a vontade de vencer
Higienópolis me lembra os tempos em que estarei aposentado
E o Parque da Água Branca os momentos bons do trabalho
Que os maus eu quero mesmo é esquecer
VIII
L.H.O.O.Q., que soletrado em francês soa parecido com
“Ela tem um cú caliente” acabou tornando-se o mais conhecido
Ready-made de Duchamp
Nessa obra ele simplesmente colocou um bigode e um cavanhaque
na Monalisa, de da Vinci
IX
Peru Lima
Roma Amor
Ourinhos
Pércia, que sonhei menino
X
Saratoga, minha capital imaginária
Felipe, o rei decadente de meus sonhos,
Que queima ouro em suas guerras oníricas
Meu mundo dos Silva, no enterro da Fórmula Um
O artista mato-grossense Lupércio José dos Anjos morreu nesta segunda
Conhecido como “o artista das lamparinas” Lupércio tornou-se um expoente do artesanato mato-grossense. Nessa segunda-feira, 19 de agosto de 2019, ele se foi. Seu nome eterniza-se na arte regional pela criação de lamparinas coloridas e obras feitas a partir de latas reutilizadas. Ele morreu em Nobres (a 151 km de Cuiabá), com 81 anos. Vivendo na cidade conhecida pelo ecoturismo por mais de duas décadas, Lupércio foi um dos expoentes do artesanato regional.
Foi aos 65 anos, com problemas de locomoção que ele teve que abandonar o trabalho na roça e começou a fazer peças com latas reutilizadas. Em 2018, Lupércio foi homenageado na Feira Nacional do Artesanato (Fenearte), em Recife (PE) e recebeu o título de mestre artesão.
Nasceu na Bahia em 1938, mas foi criado no Paraná. Não sabia precisar quando, mas há mais de 20 anos mudou-se para o Mato Grosso. Ele morava num bairro distante, bastante povoado, mas parecia não ter muita noção de localização ou de distância pois disse que todos o conhecem. Antes trabalhava na roça. Autodidata, foi criando as suas peças na base do ensaio e erro.
“Fui notando devagarzinho, pegando o jeito, trabalhando e conseguindo fazer”.
Teve o incentivo de Ana Maria Braga (apresentadora de programa de TV) que fez um filme com ele, que teve repercussão em outros países, como Portugal e Alemanha. O problema é que, depois dessa divulgação, as vezes recebia pedidos de fora de 500, 700 peças e ele não conseguia fazer tal quantidade. Precisaria trabalhar com muitas pessoas para dar conta.
Atendia a pedidos vindos de várias partes do Brasil e de outros países. Vendia também para quem chegar na sua casa. Não aparentava respeitar muito a ordem dos pedidos. O funcionamento do sistema de encomendas parece bastante confuso. Aparentemente, as compras mais sistemáticas eram feitas através do SEBRAE.
Gostava de criar novas peças, com desenhos diferentes, rebuscados, coloridos e formam um conjunto atraente. A confecção de suas peças exigia várias etapas. Usava como instrumentos furadeira, rebitadeira (instrumento que corta), alicate, tesoura e martelo. A parte mais elaborada e interessante no que fazia eram os desenhos decorativos. Gostava de pintar, embora levasse bastante tempo. É uma espécie de “marca” registrada do seu trabalho, fácil de ser identificada. Sentia satisfação em criar novos desenhos. Conseguia viver da sua arte, teve uma vida modesta, mas pôde construir dois cômodos em sua casa, um para dormir e outro para trabalhar. Via seu trabalho como um “divertimento”. Enquanto trabalha concentrava-se em coisas interessantes e boas, e esquecia as coisas desagradáveis. Além de ser um meio de vida.
“A gente está divertindo, passando o tempo e ganhando uns cruzeirinhos.”
Fotos: José Medeiros (Site “O Livre”)
Nuvem esverdeada
Caminhar
Caminhar faz bem para a alma
O encontro com amigos eventuais
A visão de uma natureza quase oculta
Sentir a sola do sapato tocando o chão
E o pensamento lá longe
Em uma Ourinhos antiga de praça e de coreto
A ida para a escola a pé
Passando pelo trabalho de meu pai
De onde ganhava dinheiro para o sorvete depois da aula
E a visita da Palmira trazendo um lanche de queijo
A poncã descascada de dentro para fora
Deixando a casca quase intocada
A ilusão de embrulhar uma pedra com papel de bala
E distribuir para colegas de classe
Minha vida assim repassada
Lembra-me de bons momentos
Como um bolo de chocolate
Waldecy de Deus: Festa na casa da Dona Raimunda e Lazer na Avenida Paulista
Waldecy de Deus, pseudônimo artístico de Waldecy de Deus Fuhrman, nasceu em Boa Nova, Bahia, em 1952. Transferiu-se para São Paulo em 1967, onde começou a pintar seguindo o caminho de seu irmão Waldomiro de Deus.
Com 50 anos de carreira e milhares de quadros pintados, já teve obras expostas na Alemanha, Suíça, França, Itália e Estados Unidos.
Participou de diversas exposições individuais no Sesc, Santos, SP (1970); Grande Hotel da Barra, Salvador, BA (1971); Sesc, São Paulo, SP (1972/1979); Galeria KLM, SP (1974); Galeria Nuclearte, Osasco, SP (1975); Galeria Arumã, Ribeirão Preto, SP; Pintura Primitiva, Jabuticabal, SP (1976); Museu Dimitri Sensaud Lavaud, Osasco, SP (1978/1988); Via Cores, Sesi, São Paulo, SP (2003).
Esteve presente ainda em inúmeras mostras coletivas, como Festival da Batida USIS, São Paulo (1969); Frankfurt, Alemanha; Instituto Brasileiro Americano, Washington, EUA; Universidade de Indiana, EUA (1971); 21º Pittori Naifs Brasiliani, Itália; Birmingham Museum Art, Alabama, EUA (1973); 5º Naifs no Paço Municipal, São Bernardo do Campo, SP (1979); Arte Negra e Raízes, Paço das Artes, São Paulo, SP (1981); Mito e Magia dei Colori, Napoles, Itália (1982); Centro de Arte Primitiva, SP (1992); O Místico na Arte Popular Brasileira, São Paulo, SP (1993); Bienal Brasileira da Arte Sesc, Piracicaba, SP (1994), Naifs do Brasil, Sesc, Piracicaba, SP (1998), entre outros.
Recentemente fez uma linda exposição no Conjunto Nacional da Avenida Paulista que começou no dia 08 de maio e terminou em 2 de junho de 2019.
Suas obras estão incluídas no Dicionário de Artes Plásticas, MEC (1979); Artes Plásticas Brasil, 1989 e 1990, Editora Júlio Louzada (1989, 1990); Bienal Brasileira de Arte Naif Sesc, Piracicaba, São Paulo (1994).
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Foca sustentando o globo
As frutas que mais aprecio
As frutas que mais aprecio
São a mexerica e a banana
Gosto muito de uva e de mamão
Às vezes compro figo
E goiaba vermelha
Abacaxi nos dias de chuva
Melancia quando o calor aperta
Água de coco na praia
Vi jacas no Jardim Botânico do Rio
Suco de cajá é o preferido depois do cinema
Para quem perdeu o sono: maracujá
Dizem que a energia está no açaí
E que acerola é bom para repor a vitamina C
Maça do amor é a preferida na feira
Agropecuária e industrial
Jerônimo Miranda: Falando do Mestre Antonio de Dedé
Dia 21 de agosto de 2019 – 8 horas
Calçadão do centro de Lagoa da Canoa – AL
Com a participação de Jerônimo Miranda, João Lemos e Rafael Gomes Brandão.
Convite: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Marineide Barbosa).
Lagoa da Canoa das Alagoas do Nordeste do Brasil.
“O Garimpo em terras canoenses.”
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