agora ar é ar e coisa é coisa: traço
nenhum da terra celestial seduz
nossos olhos sem ênfase onde luz
a verdade magnífica do espaço.
Montanhas são montanhas; céus são céus –
e uma tal liberdade nos aquece
que é como se o universo uno, sem véus,
total, de nós (somente nós) viesse
– sim; como se, despertas do torpor
do verão, nossas almas mergulhassem
no branco sono onde se irá depor
toda a curiosidade deste mundo
(com júbilo de amor) imortal e a coragem
de receber do tempo o sonho mais profundo
E. E. Cummings, (Cambridge, Massachusetts, 14 de outubro de 1894 — North Conway, Nova Hampshire, 3 de setembro de 1962). Tradução: Augusto de Campos (São Paulo, 14 de fevereiro de 1931)