O canto dos pássaros anunciou
E a mata em revoada: uno, mais um
Meu filho chegou…
Bunico – mamãe disse no dezembro.
Meu primeiro sobrinho, no passado, como escrevi na porta
Do guarda-roupa de casa em Ourinhos: Biriba.
É sorte grande ver um rebento chegar:
Boneco, buneco, bunico,
Martim, Tim, Nico, Nenê – Tantos pássaros.
Um pandeiro por tocar e uma peteca em repouso esperando
Seu toque mágico com as mãos firmes que Deus te deu.
Um séquito de aves na praça que meu pai gostava
E onde conheci tua mãe e comecei a sonhar contigo,
Te esperam para a comitiva que te seguirá.
O pio da mata ecoou no ventre da mãe Luiza e te acalentou.
O girino, o ovo, o feto, o bebê, o homem, o ser.
A mágica da vida e a eterna música do tempo.
No belo canto do curió e do uirapurú.
A Amazônia, o Pantanal, a mata ciliar do Paranapanema,
As curvas do pai Tietê, o céu de minha terra que é São Paulo
Que a todos recebeu e que é tua também.
As veredas de um João e o os Severinos de outro.
O Piauí todo correndo em suas veias.
Portugal e Holanda: tantas histórias
Do vaqueiro Pedro Branco e do caipira Edmundo de Dois Córregos
Da Maria no céu e da Raimunda na terra de Campo Maior.
Um João para nos ajudar a nos redescobrir.
Rua Alagoas, 29/Dez/2005.