Ready-mades de Marcel Duchamp: Roda de bicicleta, Fonte e Hat rack

Ready-made é um termo é criado pelo pintor, escultor e poeta francês, cidadão dos Estados Unidos a partir de 1955, Marcel Duchamp (1887-1968) para designar um tipo de objeto, por ele inventado, que consiste em um ou mais artigos de uso cotidiano, produzidos em massa, selecionados sem critérios estéticos e expostos como obras de arte em espaços especializados (museus e galerias). Seu primeiro ready-made, de 1912, é uma roda de bicicleta montada sobre um banquinho. Posteriormente, expõe um escorredor de garrafas e, em seguida, um urinol invertido, assinado por R. Mutt, a que dá o título de Fonte, 1917. Os ready-mades de Duchamp constituem manifestação cabal de certo espírito que caracteriza o dadaísmo. Ao transformar qualquer objeto em obra de arte, o artista realiza uma crítica radical ao sistema da arte.

Marcel Duchamp (Blainville-Crevon, França – 1887 / Neuilly-sur-Seine, França – 1968)

Queria gritar uma palavra que cala

Queria gritar uma palavra que cala
Que cala quer dizer sentimento
Queria falar uma palavra somente
Propriamente dita

Além do mais queria ser ouvido
Por uma pessoa qualquer: amada
Receber uma resposta pensada
Falada para eu retrucar e seguir

No fundo queria me corresponder
E ser correspondido
Dizer o indizível, ser ouvido
E receber o respondível

Escrever é uma vida vivida
Que o papel recebe
E afaga quando lido e relido
O tempo se transforma e nos molda

O animal, o papel

A vida sempre ameaçada
O mar amada
Esteio ao longe

Vi frutas, comi-as
Saciei minha fome
Deu sede, bebi um copo d’água
Deitei na rede, na tarde

Do animal admirei seu porte
No papel escrevi uma carta
Pus num vidro e atirei ao mar
Bem longe uma mulher lerá

A musa, a poesia
O ato de escrever e de amar
De ser correspondido
E abandonado, um dia

E segue, tudo na vida
No relógio quebrado
O tempo segue assim mesmo
O amor segue e nos persegue