José Carlos: Depois do escuro e Homenagem à liberdade

José Carlos Bacelar Viana

Nascido na cidade de Recife, iniciou no mundo das artes logo cedo. Quando criança, respirava arte por todos os cantos; dentro de casa, no ateliê de seu pai e por muitos os lugares que frequentou em razão do estilo de vida da família. Sua maior diversão sempre foi desenhar e observar todas aquelas obras de arte que lhe cercavam. Mais tarde, no ano de 2014, passou a desenvolver as suas pesquisas e passear por diferentes técnicas de pintura, até que as cores o encontraram e os traços desconsertados começaram a dar vida as suas primeiras obras. Com toda a certeza, a sua maior referência era o seu pai, em todos os sentidos. Porém, em algum momento se libertou daqueles velhos personagens da nudez e dos “narigões”. Foi quando iniciou a sua própria identidade e hoje podemos considerar que o estilo Pop e suas cores vibrantes não deixam de estar presente em suas obras. Em 2018 realizou a sua primeira exposição coletiva no Nannai Resort e em 2019 a sua primeira Solo no espaço CDC no Poço da Panela.

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Luis Antonelli: Flores trazendo luz para a quarentena e Antúrios e seus detalhes

Luis Antonelli

Nascido em 2 de Setembro de 1956, na cidade de Resende, Rio de Janeiro. Interessou-se pelas artes desde jovem através de seu contato com o Museu de Arte Moderna de Resende. Buscou o aprofundamento das suas técnicas e linguagem artística participando de cursos realizados em Resende, e, em seguida cursou a graduação em Arquitetura e Urbanismo, na Faculdade de Arquitetura de Barra do Piraí, tendo sido diplomado em 1982. Com sua transferência para o Rio de Janeiro, seguiu especializando-se tendo a oportunidade de participar de cursos na Escola de Belas Artes e no Parque Lage. Ao longo de toda a sua vida profissional esteve próximo das artes, tendo percorrido os seus 31 anos de carreira como arquiteto museógrafo do Museu Histórico Nacional, realizando montagem de exposições permanentes e temporárias. Possui um atelier em Itaipava, distrito de Petrópolis, Rio de Janeiro, desde o ano de 1996, onde realiza
aprofundamento e desenvolvido novas temáticas e técnicas de representação artística.

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O Jaguadarte

Era briluz.
As lesmolisas touvas roldavam e reviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
“Foge do Jaguadarte, o que não morre!
Garra que agarra, bocarra que urra!
Foge da ave Fefel, meu filho, e corre
Do frumioso Babassura!”
Ele arrancou sua espada vorpal e foi atras do inimigo do Homundo.
Na árvore Tamtam ele afinal
Parou, um dia, sonilundo.
E enquanto estava em sussustada sesta,
Chegou o Jaguadarte, olho de fogo,
Sorrelfiflando atraves da floresta,
E borbulia um riso louco!
Um dois! Um, dois! Sua espada mavorta
Vai-vem, vem-vai, para tras, para diante!
Cabeca fere, corta e, fera morta,
Ei-lo que volta galunfante.
“Pois entao tu mataste o Jaguadarte!
Vem aos meus braços, homenino meu!
Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte!”
Ele se ria jubileu. Era briluz.
As lesmolisas touvas
Roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.

Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido pelo seu pseudônimo Lewis Carroll (Daresbury, Inglaterra, 27 de janeiro de 1832 — Guildford, Inglaterra, 14 de Janeiro de 1898). Tradução do “Jabberwacky” por Augusto de Campos

Disquisição na insônia

Que é loucura; ser cavaleiro andante
Ou segui-lo como escudeiro?
De nós dois, quem o louco verdadeiro?
O que, acordado, sonha doidamente?
O que, mesmo vendado,
Vê o real e segue o sonho
De um doido pelas bruxas embruxado?
Eis-me, talvez, o único maluco,
E me sabendo tal, sem grão de siso,
Sou – que doideira – um louco de juízo.

Carlos Drummond de Andrade (Itabira, Minas Gerais, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987). Poema sobre Dom Quixote

Lendas das mulheres de peito chato

Macunaíma, Maria,
Viajando por essas terras
Com os dois manos, encontrou
Uma cunhã tão formosa
Que era um pedaço de dia
Na noite do mato-virgem.
Macunaíma, Maria,
Gostou da moça bonita.
Porém ela era casada,
E jamais não procedia
Que nem as donas de agora,
Que vivem mais pelas ruas
Do que na casa em que moram;
Vivia só pro marido
E os filhos do seu amor,
Fiava, tecia o fio,
Pescava, e março chegado
Mexendo o corpo gostoso,
Ela fazia a colheita
Do milho da beira-rio.
Que bonita que ela é!… Bom.
Macunaíma, Maria,
Não pôde seguir, ficou.
Que havia de fazer!
Amar não é desrespeito,
Falou pra ela e ela se riu.
Então lhe subiu o peito
A escureza da paixão,
E o apaixonado cegou.
Pegou nela mas a moça
Possuía essa grande força
Que é a força de querer bem:
Forcejava que mais forceja,
Até deu nele! Não doeu.
Macunaíma, Maria,
Largou da moça.
Oh, meu Deus!
Como estava contrariado!
Pois um moço que ama então
Não tem direito de amar!
Tem, Maria, tem direito!
Te juro que tem direito!
Macunaíma fez bem!
O amor dele era tão nobre
Ver o do outro que casou.
Casar ; e uma circunstância
Que se dá, que não se dá
Porém amar é a constância,
Porta num, se abanca, e o pobre
Tem que lha matar a fome,
Dar cama pra ele dormir.
Macunaíma, Maria,
Era como eu brasileiro,
E em todas as moradias
Que se erguem no chão quentinho
Do nosso imenso Brasil,
Não tem uma que não tenha
Um quarto-de-hóspede pronto!
Pobre do Macunaíma,
Não tem culpa de penar!
Foi brasileiro, amor veio,
Ele teve que hospedar!
– Eu te amo, (que ele falava)
Moça linda! Você tem
Esse risco de urucum
Na beira do olhar somente
Pra não ver quem te quer bem!
Olhos de jaboticaba!
Colinho de cujubim!…
Te adoro como se adora
Com doçura e com paixão!
Maria… vamos embora!
(Que ele falava pra moça)
eu quero você pra mim!

Bom. O coitado, Maria,
De tanta contrariedade,
Pôs reparo que é impossível
Se ser feliz neste mundo,.
Em plena infelicidade…
Se vingou. Tinha ali perto
Dois cachos de bananeira.
Cortou deles… você sabe,
Os mangarás pendurados,
Que de tão arroxeados
Têm mesmo a cor da paixão.
Lá no Norte chamam isso
De “filhotes de banana”,
E a bananeira dá fruta
Uma vez, não dá mais não…
Macunaíma, Maria,
Pegou a moça arrancou
Os peitinhos emproados
Do colo de cujubim,
Pendurou no lugar deles
os filhotes da paixão.
Por isso essa moça dura,
De quem nós todos nascemos,
Tem o colo que nem de homem,
De achatado que ficou.
E hoje as donas são assim…

Adianta a lenda que a moça
Ficou feia… Não sei não…

Mário de Andrade (São Paulo, 9 de outubro de 1893 — São Paulo, 25 de fevereiro de 1945)

Centro de Artesanato Mineiro

Neste momento de isolamento social, o Centro de Artesanato Mineiro precisa de sua ajuda para manter o pagamento de seus funcionários e dos custos operacionais da sua loja, no Palácio das Artes, que permanece fechada em acordo ao decreto municipal nº 17.304, de 18 de março de 2020, que suspendeu os alvarás de localização e funcionamento de estabelecimentos comerciais com potencial de aglomeração de pessoas no Município de Belo Horizonte.

Estamos vendendo três peças dos mestres da arte popular mineira, GTO e Mário Teles, que participaram da história do Centro de Artesanato Mineiro, e que permitirão a manutenção dos compromissos sociais e financeiros durante este momento de fechamento da sua loja.

A corrente de GTO (Geraldo Teles Oliveira), da década de 1970, foi esculpida em cedro rosa e tem 1,75 m de comprimento, uma das maiores produzidas pelo mestre.

A corrente de Mário Teles, datada de 1985, foi esculpida em cedro rosa, com 65 cm de comprimento, mas de elos fechados, o que a torna ainda mais especial.

A mandala tríplice com duas faces de Mário Teles, datada de 1989, foi esculpida em cedro rosa, na medida 1,75 X 0,55 m, uma das últimas produzidas em grande formato pelo mestre.
Todas estas peças históricas pertencem ao Centro de Artesanato Mineiro e serão acompanhadas de certificado de autenticidade fornecidos pelo mestre Mário Teles.

A sua ajuda manterá a loja do artesanato tradicional e da arte popular de Minas Gerais, com mais de 50 anos de atividade e parceria com os artesãos, com suas responsabilidades e com os seus objetivos de desenvolvimento cultural, econômico e social em manutenção até a sua abertura.

Antecipadamente agradecemos o seu apoio ao Centro de Artesanato Mineiro.

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Hoje, 13/05, se estivesse vivo, Edmundo de Oliveira Matosinho estaria completando 99 anos

* Dois Córregos/ SP, 13 de maio de 1921 – + São Paulo/ SP, 6 de agosto de 1999

Filiação: Hildebrando de Oliveira Matosinho e Euthymia de Oliveira Matosinho

Profissão: Prático de Farmácia

Sua vida profissional sempre esteve ligada à prática farmacêutica, à assistência social e à busca da saúde da coletividade ourinhense. Começou a trabalhar ainda jovem e seu primeiro registro em carteira deu-se em 1939, quando ele atingiu a idade de 18 anos. Trabalhou desta data até 30 de abril de 1945 na farmácia Drogasil, em Ourinhos. Essa farmácia funcionava na rua Antônio Prado, nº. 54 e lá trabalhou cerca de seis anos. Em 1945 abriu farmácia própria na Vila Odilon. Este estabelecimento recebeu o nome de Farmácia Santo Antônio e desde a sua fundação esta farmácia passou a atender aos moradores dessa vila e arredores carentes, até então, deste serviço. Ela foi administrada por Edmundo até agosto de 1972, ou seja, durante cerca de 27 anos, sendo que depois teve outros proprietários que mantiveram o mesmo nome original. Ela ficou aberta até o final de 1999, totalizando quase 55 anos de serviços prestados à população da Vila Odilon e adjacências. Após a venda de sua farmácia ele trabalhou durante um breve período na fábrica de colchões Castor, de propriedade de Hélio Silva, e como prático de farmácia na Drogaria São Miguel, localizada no centro de Ourinhos, na Rua 9 de Julho. Em novembro de 1973 ingressou na Usina São Luiz onde exerceu o cargo de assistente social e de farmacêutico do ambulatório médico da usina onde ficou até a seu desligamento em agosto em 1990 aos 70 anos. Mesmo aposentado ele continuou trabalhando, ficando nos quadros desta usina durante cerca de 17 anos.

Fotos: Ele aos 18 anos e na época do casamento