Lidia Lisbôa: Acordelados

Curadoria de Thiago de Paula Souza (@thiago.paulasouza)

22 de janeiro – 19 de fevereiro de 2022

A Galeria Millan tem o prazer de apresentar Acordelados, primeira individual de Lidia Lisbôa (Guaíra, PR, 1970) na galeria, abrindo o programa institucional de 2022. A artista ganha mostra antológica, com curadoria assinada por Thiago de Paula Souza. A exposição repassa a trajetória da artista desde o final dos anos 1990 até suas investigações mais recentes.

Após ter se mudado para São Paulo, em 1986, Lidia Lisbôa trabalhou em ateliê de alta costura e, em 1991, iniciou sua produção artística. Obteve formação de Gravura em Metal pelo Museu Lasar Segall, escultura contemporânea e cerâmica no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) e no Liceu de Artes e Ofícios. Em 1997, participou da exposição coletiva Tridimensional, no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) e, neste mesmo ano, realizou sua primeira exposição individual no Instituto Goethe, em São Paulo. Em 1998, a artista recebeu o Prêmio Maimeri – 75 anos, concedido pelo Liceu de Artes e Ofícios. Em 2020, Lisbôa expôs no Centro Cultural São Paulo e na 12ª Bienal do Mercosul, em 2021, integrou as exposições coletivas Enciclopédia Negra, na Pinacoteca de São Paulo; Carolina Maria de Jesus: um Brasil para brasileiros, no Instituto Moreira Salles; e a mostra A Substância da Terra: O Sertão, com curadoria de Simon Watson, que ocorreu primeiro no Museu Nacional da República com itinerância na Slag Galery em Nova York.

A primeira sala da mostra na Galeria Millan contará com as obras da série intitulada Tetas que deram de mamar ao mundo, cuja produção foi iniciada em 2011. Tratam-se de esculturas têxteis de grandes dimensões que são alçadas ao teto e caem próximas ao chão, numa forma que remete aos seios femininos. A exposição apresenta ainda desenhos da artista cujas formas reportam aos seus trabalhos escultóricos, em especial, à série Cupinzeiros. Nesta série, também presente na exposição, as esculturas em cerâmica estabelecem relações formais e materiais com os cupinzeiros que ocupam a paisagem do campo brasileiro e que remetem às memórias da infância de Lisbôa.

A artista trabalha com diversos materiais e técnicas, como desenho, arte têxtil, crochê, performance e esculturas em cerâmica, argila, porcelana e botões. Segundo afirma, “meu trabalho busca evocar a força e o poder do feminino, a potência da mulher como força motriz da significação de sua própria existência no mundo.” Suas obras se relacionam com a memória e as experiências que a artista vivenciou em sua infância no campo. Assim como abordam as formas do corpo feminino, o processo da maternidade e as relações que os modos de vida estabelecem com a territorialidade. Ao reportar-se à sua produção, ela afirma que “(…) em meus trabalhos quero tecer e moldar para desestruturar, para desfazer o que deve ser desfeito e dar vistas a modos de vida e expressões que muitos anos de ocultação quiseram lançar ao esquecimento”.

Galeria Millan

Rua Fradique Coutinho, 1.360/ 1.416
São Paulo – SP – Brasil – CEP: 05416-001
Seg – Sex: 10H – 19H / Sáb: 11H – 15H

TEL: (11) 3031-6007
galeria@galeriamillan.com.br

Veja mais: https://bit.ly/3fSQY5d

Contatos:
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www.instagram.com/lidia_lisboa
www.lidialisboa.com.br

Artista indicada para o blog por Gejo, O Maldito, que foi prestigiar a exposição dessa artista e recomenda.

Leilão: D. João VI – Serviço Wedgwwod, Conde da Ribeira Grande, Daum, Lorraine, Legras, Loetz, Lalique

Leilão 25006
D. João VI – Serviço Wedgwwod, Conde da Ribeira Grande, Daum, Lorraine, Legras, Loetz, Lalique (com participação de obras minhas).

Leilão
Dias 1, 2 e 3 de Fevereiro de 2022
Terça, Quarta e Quinta-Feira às 20h

Began e Marise Domingues

Coordenação e Supervisão Geral: Marise Domingues
Parceria: Luiz Claudio Bez
Fotografias: Lucien Prouvot

Exposição e leilão somente online

Local
Rua da Consolação, 2250 – Consolação – São Paulo – Estacionamento no local.

Contato: (11) 3256-1125 ou (11) 9 7120-1228
E-mail: marisedominguesleiloes@gmail.com

Leiloeiro
Roberto de Magalhães Gouvêa – Jucesp nº 403

Catálogo disponível: https://www.marisedomingues.com.br/catalogo.asp?Num=25006

Prestigiem!

Para os que virão

Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.

Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.

Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular – foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se

– muito mais sofridamente –
na primeira e profunda pessoa
do plural.

Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.

É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.

Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.

Thiago de Mello ( Barreirinha – AM, 30 de março de 1926 – Manaus – AM, 14 de janeiro de 2022)

Poema enviado pela amiga Maria Isabel Pellegrini Vergueiro por acasião do falecimento do poeta.

Maria Goret Chagas: Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP)

Maria Goret Chagas

Nascida em 26/7/1951, em Delfinópolis – MG, mora desde 1961 em Franca – SP. Afetada pela paralisia dos braços desde o nascimento, Goret se formou em letras e educação artística. Foi a primeira professora de pintura de boca de nosso pintor José Henrique Breda. Após ter se aposentado, resolveu fazer parte da Associação para mostrar sua arte com a boca e os pés.

Estilo de pintura: Com a boca e o pé
Técnica: Acrílica e aquarela

Contatos:
https://www.apbp.com.br/artista/22
(11) 5053-5100
apbp@apbp.com.br

Crônica de Fernando Pacheco Jordão: Marianinha

A menina, a florzinha, a partida.
Crônica dedicada a minha mãe, Marianinha, falecida em abril de 2010 – uma morte felizmente sem sofrimento, uma partida muito tranqüila. Tenho em meu quarto uma encantadora fotografia de minha mãe quando criança. Uns cinco ou seis anos, moreninha, rostinho redondo, descalça, com um enorme regador a molhar uma florzinha num vaso no quintal. A foto é preto e branco, mas, pelas diferenças de tons, pode-se adivinhar que seu vestidinho era azul marinho ou verde escuro; e o regador, vermelho.
Passado mais de um século, nada do que está nessa foto existe mais.
O vestidinho, se bem me lembro de minha avó e dos costumes da cidade do interior onde moravam, ela deu para alguma criança pobre cuja mãe passava de porta em porta recolhendo roupas usadas para seus filhos. Com certeza levou também, de presente, o regador.
Quanto a minha mãe, aos 102 anos, felizmente sem nenhuma doença – só mesmo a idade, na cama, em sua própria casa, longe de hospital, aparelhos, tubos, baterias de medicamentos, como a chama tênue de uma vela exposta ao vento, ela foi pouco a pouco se extinguindo, até apagar de vez; como a florzinha que regava no quintal, ela foi fenecendo naturalmente e, quando chegou a sua hora, ela simplesmente se foi. Ela partiu desta vida quietamente.
Em paz.

Fernando Pacheco Jordão (1937 – 2017) faleceu em São Paulo aos 80 anos. Atuou no jornalismo desde 1957, quando iniciou sua carreira na antiga Rádio Nacional, em São Paulo. Posteriormente, trabalhou como repórter, redator e editor de diversos veículos, como O Estado de S. Paulo, TV Excelsior, BBC de Londres, TV Globo, TV Cultura de São Paulo, revistas IstoÉ e Veja. Como consultor e assessor político atuou nas campanhas dos governadores Mário Covas e Geraldo Alckmin. Dirigente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na época do assassinato de Vladimir Herzog, Fernando escreveu o livro “Dossiê Herzog – Prisão, Tortura e Morte no Brasil”, que já está na sétima edição revista e ampliada e constitui documento fundamental para a História do Brasil. Foi sócio-diretor da FPJ – Fato, Pesquisa e Jornalismo. Hoje é patrono do “Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão”, realizado pelo Instituto Vladimir Herzog desde 2009 e que já está em sua 13ª edição.