Morre, aos 88 anos, o xilogravurista pernambucano J. Borges

Salve J. Borges! Você deixa um grande legado para a arte popular brasileira.

Na entrevista que fiz com ele para o livro “Eu me ensinei” perguntei: E de onde vem a inspiração? E ele respondeu: “Vem daqui mesmo do que eu vejo, do que eu sinto, do que eu penso. Do que acontece, das lenda, do folclore. O dia a dia do povo, a convivência, a tristeza, a alegria. Tudo isso dá cordel e dá também gravura.” (Edna Matosinho de Pontes)

J. Borges (Bezerros – PE, 1935 – 2024)

Savinho Maia: Esculturas em pedra para serem eternas!

Sávio Maia

Nascido em 1965, Domingos Sávio Maia é desenhista e iniciou-se em esculturas em pedras no ano de 2004. Trabalha com granito e pedra sabão e suas esculturas são geralmente anjos, santos, Budas, fontes, bichos e placas. Fotos de seus desenhos e escultoras, num total aproximado de 2.500, estão disponíveis para serem vistas em sua rede social.

São João Del Rei – MG – Brasil 🇧🇷

Contatos:
www.instagram.com/savinho_maia
maiasavio65@gmail.com
WhatsApp: (31) 9 9780-7378

Falando de poesia em tom de desabafo

Poesia. Escrevi algumas, cerca de 30 páginas. Tenho algumas inacabadas e outras na cabeça, na vontade de dizer. Algo. Amor, sofrimento, paz, natureza, ódio (por que não?). A nossa condição de vida, como seres humanos instalados nessa terra de meu Deus, não é das melhores. As perspectivas não são muito boas: poluição, guerras, fome. Temos nossas condições de trabalho, mas não existe emprego. Temos muito que ler e aprender, mas não temos tempo. Precisamos ganhar o pão e a guerra já. Somos ansiosos e nossas bocas urgem. Queremos a revolução, mas temos medo do poder. E de perder a guerra. E de fazer a guerra, pois pensamos na impossível paz. A guerra não depende de nós, mas a paz sim. Botamos a culpa na guerra e no instinto destruidor do homem. E assim vamos vivendo, sem planejamento e aos trancos e barrancos. E para quê tudo isso? Para morrermos depois e não levarmos nada. Alma…

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei… tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Rio de Janeiro , 1935

Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 – Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980)