À tinta de escrever

Ao teu azul fidalgo mortifica
registrar a notícia, escrever
o bilhete, assinar a promissória
esses filhos do momento. Sonhas

mais duradouro o pergaminho
onde pudesses, arte longa em vida breve
inscrever, vitríolo o epigrama, lágrima
a elegia, bronze a epopeia.

Mas já que o duradouro de hoje nem
espera a tinta do jornal secar,
firma, azul, a tua promissória
ao minuto e adeus que agora é tudo História.

José Paulo Paes (Taquaritinga, São Paulo, 1926 — São Paulo, 9 de outubro de 1998)

Site “José Aníbal”: 20 anos no ar!

Neste domingo, 18 de agosto, comemora-se com satisfação esta importante data. O site “www.joseanibal.com.br” iniciou-se com sua eleição para vereador da cidade de São Paulo em 2004, onde foi eleito com 165.880 votos. Ele começou a sua a jornada com o objetivo de informar, debater e divulgar suas ideias e atividades como político.

Na sua trajetória ele passou por essa votação recorde para vereador, continuou com sua eleição para deputado federal em 2006 e em 2010, de sua escolha para ser o Secretário de Energia do estado de São Paulo em 2011 e, em 2014, quando foi eleito primeiro suplente à senador na chapa encabeçada por José Serra.

Continuou em 2016 quando assumiu pela primeira vez o mandato no Senado Federal com a ida de José Serra para o Ministério das Relações Exteriores, onde ficou no cargo até fevereiro de 2017. Voltou a assumir temporariamente a vaga de Serra no Senado Federal em agosto de 2021, após o titular se afastar por doença e pedir licença por 4 meses.

Fica então registrado esse marco…

André Art: Cena surrealista e pessoas e bichos da Ilha de Marajó

Carlos André Fagundes dos Santos, ou André Art, é artista plástico autodidata de 32 anos e morador da cidade de Ponta de Pedras, da Ilha de Marajó, Pará. Já ganhou vários concursos de pintura no seu município e recentemente chegou a expor suas obras em Belém, na Livraria Fox.

Em Ponta de Pedras, mora numa casa pequena, localizada próxima à zona rural do município. Em frente à residência, há um pequeno jardim, onde ele expõe vários de seus trabalhos. De origem humilde, o artista vive de bicos na construção civil para sustentar uma família grande, e expõe seus trabalhos por alguns pontos da cidade.

Foi o poeta Marcos Samuel, conterrâneo de André, quem mostrou o trabalho do artista plástico para uma amiga, a escritora Miriam Daher. Juntos, os dois investiram e incentivaram o trabalho do artista. Eles forneceram telas, tintas profissionais e cavalete, que substituíram tinta guache e outros materiais artesanais utilizados por André até então. O resultado foram quase 30 obras, que formaram a exposição em Belém.

“Conheço o André a um tempo, desde garoto, em Ponta de Pedras, sempre fiquei admirado com as obras dele. Ele mesmo fazia cavaletes e colocava as obras em exposição no trapiche e praça da cidade. Ano passado mostrei o trabalho dele para uma amiga, a Miriam. Ela comprou algumas telas e então surgiu a ideia de fazer a exposição em Belém”, relembra Marcos.

Olha o que André Art diz de si mesmo: “Sou artista plástico, escultor e desenhista. Desenho desde os 15 anos e sou artesão também”.

Contatos:
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www.instagram.com/carlosandrefagundesdossantos
WhatsApp: (91) 9 8612-5216

Os ombros suportam o mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade (Itabira, Minas Gerais, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987), In “Sentimento do Mundo”, 1940

Canto de regresso à pátria

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

Oswald de Andrade (São Paulo, 11 de janeiro de 1890 — São Paulo, 22 de outubro de 1954). Publicado em 1924 na revista “Pau Brasil” e depois, no livro homônimo, em 1925. O texto é intertextual ao poema “Canção do Exílio”, escrito em 1843 por Gonçalves Dias.