Eis o meu mal
A vida para mim
Já não é vital.
*
Passeio aflito;
Tantos amigos
Já granito.
*
À nossa vida
A morte alheia
Dá outra partida.
*
A vida é um saque
Que se faz no espaço
Entre o tic e o tac.
*
É meu conforto
Da vida só me tiram
Morto.
*
Probleminhas terrenos:
Quem vive mais
Morre menos?
Millôr Fernandes (Rio de Janeiro, 16 de agosto de 1923 — Rio de Janeiro, 27 de março de 2012)