Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili,
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade (Itabira, Minas Gerais, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987)

Porquinho-da-Índia

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .

— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

Manuel Bandeira (Recife, 19 de abril de 1886 — Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968)

Por estes campos sem fim

Por estes campos sem fim,
onde a vista assim se estende,
que verei, triste de mim,
pois ver-vos se me defende?

Todos estes campos cheios
são de saudade e pesar,
que vem para me matar,
debaixo de céus alheios.
Em terra estranha e em ar,
mal sem meio e mal sem fim,
dor que ninguém não entende,
até quão longe se estende
o vosso poder em mim!

Sá de Miranda (Coimbra, Portugal, 28 de agosto de 1481 — Amares, Portugal, 15 de março de 1558), In “Antologia Poética”

Maria de Lourdes Alesse: Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP)

Maria de Lourdes Alesse

👨‍🎨 Artista plástica da APBP

Estilo de pintura: Com os pés
Técnica: Acrílica
Título da obra: “Carrinheiro”

Conhecida por Lurdinha, pintava com os pés, e faleceu em 29/11/2023. Olimpiense, ela participou da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés, instituição fundada em 1956, no principado de Liechtenstein, entre a Áustria e a Suíça. Desde 1968, ela se manteve com a venda dos quadros. Além de comercializadas, as obras também se transformam em cartões e calendários, entre outros artigos. Seu trabalho variou entre reprodução de fotos, imagens do tradicional folclore de Olímpia, gravuras de cavalos, bois e natureza morta. Ela trabalhava em um ateliê adaptado em um dos cômodos da casa de sua irmã, onde morava em Rio Preto, desde o falecimento de seu pai. A superação é a palavra que moveu a vida da artista plástica. Natural de Olímpia – SP, em 10 de novembro de 1950, nasceu sem os braços. Devido à má-formação, o médico não deu mais do que nove dias de vida para o pequeno bebê, frágil e com debilitações visíveis. Porém, a dedicação, o amor e o cuidado dispensado pelos pais e avós salvaram Lurdinha e hoje ela é conhecida em várias partes do Brasil e do mundo por suas pinturas. Com os pés, a artista fazia qualquer tipo de desenho, principalmente paisagens – seu tema favorito. Na infância, morava em um sítio em Olímpia. Até os cinco anos, se arrastava pela casa, o que obrigou seu pai a comprar proteção para amenizar os machucados. Só depois desta idade é que aprendeu a andar e a exercitar a flexibilidade com os pés. O primeiro incentivo ao desenvolvimento do dom artístico veio do avô Edmundo, que a presenteou com material escolar. Fascinada com os lápis e papéis, desde então não parou mais de surpreender a todos com obras tão belas. A grande transformação em sua vida aconteceu ao completar 18 anos, quando participou do programa Cidade contra Cidade, do apresentador Silvio Santos, na extinta TV Tupi e foi vista na televisão.

APBP Brasil
Arte
A APBP é parte de uma associação internacional de artistas que, devido à sua deficiência física, pintam belas obras de arte com a boca ou os pés.

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