Federico Fellini: Nota sobre o seu filme “Amarcord”

“Toda grande arte é abstrata”
Jean Renoir

A cena final é a do casamento campal de Gradisca com um militar. Nela os garotos encenam o casamento de forma bonachona. O cego fica numa cadeira tocando a bela música de Nino Rota. São feitos discursos na mesa, desejando felicidades ao casal e tirados retratos. Tentam tirar uma foto no sol, mas começa a chover. Recitam poemas. Com a chuva, o pessoal começa a ir embora aos poucos. Os noivos também saem, após Gradisca atirar o buquê. Permanece o cego tocando e um menino enchendo o seu saco. Os garotos dão adeus aos noivos, correndo atrás do carro. Uma menina pega o buquê. Começam a se dispersar. O filme acaba com o garoto perturbando o músico e os “flocos” caindo. De primavera para primavera, Fellini mostra a eterna idéia de recomeçar, seja no tempo ou na vida, com a parábola da menina apanhando o buquê de flores da noiva. Um dia ela casará e as cenas de “Amarcord”, quem sabe, recomeçarão novamente.

No brejo solitário

Eu encontrei um homem muito velho
No brejo solitário;
Eu sei que sou um cavalheiro
E ele nem tem salário.
Parei e rudemente perguntei:
“Como ganhas tua vida?”
Mas a resposta não me impressionou,
Foi muito descabida.

Disse: “Eu coleto bolhas de sabão,
No meio do trigal,
Ponho as bolhas no forno, faço tortas,
Coloco pimenta e sal,
Vendo para os bravos marinheiros
Que desbravam as tormentas;
E este é meu ganha-pão, senhor;
A sorte é avarenta.
Eu pensava em multiplicar
Por dez aquela conta,
Mas sempre que voltava a perguntar,
Vinha uma resposta pronta.
Não dei bolas às bobagens que dizia
Mas dei-lhe cutucão e pranchaço:
“Me diz como é que ganhas tua vida?”
E nisso belisquei seu braço.

O velho gentilmente retornou a história
e disse: “Eu ando, eu corro
E quando encontro um vale nas montanhas
Num vapt, lhe ponho fogo.
Daí fazem um caldo que eles chamam
Óleo de Macassar;
Porém, quatro tostões é só o que o fabricante
Aceita me pagar.”

Mas eu pensava num projeto
Pra pintar as botinas dos clientes
De verde-musgo, para que, na relva
Ficasse invisíveis totalmente.
Dei uma bofetada em sua orelha
E perguntei de novo
E retorci sua cabeleira cinza
Com grande estorvo.
Ele disse: “Caço com os olhos do hadoque
Na urze luminosa
E os transformo em botões sobretudo
Na noite silenciosa.
Mas não vendo os botões por moeda de ouro,
Nem troco por nenhuma prataria,
E sim por um tostão, que pode comprar
Nove botõezinhos: uma ninharia.

“Na terra escavo às vezes pães de açúcar
Ou ponho isca para os caranguejos;
Às vezes busco rodas de carruagens
Nos prados benfazejos.
E assim, meu bom senhor” – piscou o olho –
“Eu ganho a minha vida;
E para brindar vossa saúde vou secar
Dois copos de bebida.”

Eu o escutei com atenção,
Tendo o meu plano já cumprido:
Lavar a ponte de Menai
Com vinho refervido.
E agradeci por suas histórias
Especialmente sua intenção
De fazer brindes com cerveja
Por minha salvação.

E se hoje por engano eu grudo
Com cola meus dois dedos
Ou se no pé direito, acaso,
Meto o sapato esquerdo;
Ou se no meio de um discurso
Ponho palavras ao contrário,
Penso naquele estranho andante
No brejo solitário.

In “Fantasmagoria e primeiros poemas de Lewis Carroll”, Editora Piu, 2023, de Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido pelo seu pseudônimo Lewis Carroll (Daresbury, 27 de janeiro de 1832 — Guildford, 14 de Janeiro de 1898). Traduzido por José Francisco Botelho e Paula Taitelbaum.

Beto Kabelo escreve sobre a Ilha Grande

Estas fotos são de duas praias da Ilha Grande (Ipaum Guaçu, que é Ilha Grande em Tupi), que tem 106 praias, enseadas, rios e lagos espalhadas em 194 Km2, e possui 16 trilhas ecológicas catalogadas em 3 categorias: fácil, média e difícil.

Para chegar na Ilha Grande, você tem que ir até Angra dos Reis. Escolher a praia que deseja visitar e no cais dos pescadores fretar um barco até a praia escolhida.

A primeira e a quarta fotos são da Praia Grande de Araçatiba, local maravilhoso e temos duas visões diferentes, uma tirada da praia em frente à pousada do meu amigo Edinho, e a outra foi tirada da sacada do Empório do Russo, onde você encontra todo tipo de produto, desde um sabonete, shampoo, arroz, feijão, carnes e até o carvão para o churrasco e cervejas bem geladas com preço justo. Existem outras pousadas e até campings. As outras duas fotos são da Praia da Longa, um lugar paradisíaco e bem agradável.

Você pode chegar de barco ou pela trilha que sai de Araçatiba e leva quase uma hora. É um visual lindo onde você vera vários tipos de árvores e animais silvestres pela caminhada. Lá chegando avistará um estaleiro, a linda praia e uma igrejinha muito mimosa, a Igreja de São Pedro, e a escola. É um ótimo local para quem gosta de usar máscara de mergulho e snorkel onde poderá ver vários tipos de estrelas do mar de cores variadas, e se der sorte até tartarugas. Bem próximo da praia, a uns 100 metros, fica uma cachoeirinha muito gostosa, se chegar cedo e com um grupo pequeno você pode procurar a Tia Nélia, que faz uma refeição deliciosa mas só com hora marcada, rsrsrs.

Tem também o barzinho do Boca, marido da tia Nélia, que prepara uma pimenta que é “Ó” como ele mesmo diz (meu amigo Renato até chorou, rsrs, é braba mesmo). Na praia tem o bar do Versinho com brejas geladas e porções de pasteizinhos de marisco, camarão, mexilhão, e lanches. Para voltar para Araçatiba, você pode fazer a trilha ou conversar com o pessoal e conseguir voltar de barco. Estava esquecendo: o gatinho é da minha amiga Ana Carolina, moradora da Praia da Longa.

Abraços e boa viagem!!!

Beto Kabelo

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Severino Monteiro: Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP)

Severino Monteiro

👨‍🎨 Artista plástico da APBP

Estilo de pintura: Com a boca
Técnica: Acrílica
Título da obra: “Galo cantando”

Nascido em 05/03/1966 e falecido no ano passado. Ficou tetraplégico ao levar um tiro de um assaltante no estacionamento de um Hipermercado, onde trabalhava como segurança. Foi em um Centro de Reabilitação física que ouviu falar da Associação e começou a desenvolver a pintura com a boca; atividade que já apreciava e fazia como hobby antes do acidente.

APBP Brasil
Arte
A APBP é parte de uma associação internacional de artistas que, devido à sua deficiência física, pintam belas obras de arte com a boca ou os pés.

Contatos:
APBP – Rua Tuim, 426 – Moema – São Paulo/ SP – CEP: 04514-101
(11) 5053-5100
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