“Desde a infância, o escritor argentino Jorge Luis Borges foi um ávido leitor do “Livro das mil e uma noites”, cuja tradução, realizada por Richard Burton, constava na biblioteca paterna. Essa tradução foi considerada escandalosa por seu teor erótico em plena era vitoriana. Ao longo da vida, Borges também conheceu as traduções de Antoine Galland, de Enno Littmann, de J.C.Mardrus e de Edward W.Lane, as quais estudou e comparou a fim de extrair de cada uma a contribuição do estilo individual, do estilo de época e da cultura de seus tradutores. O autor argentino se inspirou nos contos árabes para escrever alguns de seus contos, como “Os dois reis e os dois labirintos”, no entanto, ele afirma apenas ter feito a tradução de um conto perdido das noites. Apenas muitos anos depois de sua publicação, ele assume a autoria desse conto. Surge, assim, uma nova forma de intertextualidade: a pseudo-tradução. Neste estudo, é feita uma análise dos temas, das estruturas e do estilo próprios dos contos árabes que Borges retomou através de várias formas de intertextualidade, modernizando um gênero literário atemporal: o conto árabe das “Mil e uma noites”.”
Por Thaís de Godoy Morais, In “Livro das mil e uma noites” e suas relações transtextuais com a obra de Jorge Luis Borges – 29 agosto 2017
Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 24 de agosto de 1899 — Genebra, Suíça, 14 de junho de 1986)