Primavera e o mais

A caminho do hospital de isolamento
sob as vagas de nuvens mosqueadas
de azul que chegam impelidas
do nordeste – um vento frio. Além, o
ermo de extensos campos lamacentos
pardos de erva ressequida, em pé ou aparada

nesgas de água parada
dispersão de árvores altas

Ao longo do caminho todo, ruivos, roxos
bifurcados, erectos, ramalhudos
os arbustos e arvoredos com
folhas de vide, pardas, mortas a seu pé
sem vidres –

Sem vida aparente, a vagarosa
e tonta primavera se aproxima –

Eles entram o novo mundo nus,
friorentos, inseguros de tudo,
salvo que entram. À sua volta sempre
o vento frio, já conhecido –

Hoje a relva, amanhã a tesa folha
espiralada da cenoura brava
Um por um os objetos se definem –
Mais depressa: luz, perfil de folha

Eis agora porém a hirta dignidade da
entrada – Entanto, a mudança profunda
acometeu-os: arraigados, eles
aferram-se ao chão e começam a acordar

William Carlos Williams (Rutherford , Nova Jersey , Estados Unidos, 17 de setembro de 1883 — 4 de março de 1973). Tradução: José Paulo Paes (Taquaritinga, São Paulo, 1926 — São Paulo, 9 de outubro de 1998)

Autor: ematosinho

Eduardo Matosinho é economista e sociólogo com bacharelado pela Universidade de São Paulo (USP). Tem 59 anos e é casado com Luiza Maria da Silva Matosinho e com ela tem um filho de nome João Alexandre da Silva Matosinho. Trabalha atualmente na Galeria Pontes (https://www.galeriapontes.com.br/), onde já está há 17 anos.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *